1 ABRE-SE a floresta até então intransitável e densa.
Definem-se dificuldades, pântanos, espinheiros…
2 O semeador, porém, não se confia ao desânimo.
Traça planos.
Ataca o serviço.
Realiza o milagre.
3 De início, é o desbravar.
Em seguida, surgem os imperativos de preparação do solo e de seleção dos recursos.
4 A cova minúscula e escura recebe a semente pequenina, que perde os envoltórios com a colaboração do tempo.
5 Só então, é possível a promessa do grelo tenro.
Todavia, não param aí os desvelos e as vigílias do semeador.
6 Hoje, é necessário proteger a plantinha frágil contra o esmagamento; amanhã, é imprescindível furtá-la ao assédio dos vermes destruidores.
7 Agora, pede a lavoura iniciante adequada medida contra a canícula rigorosa; depois, reclama providências que a salvem do aguaceiro.
8 A fronde, a flor e o fruto representam, no entanto, o precioso prêmio.
9 Assim também, é a sementeira espiritual.
10 Nas profundezas da mente inculta caem os princípios da Divina Sabedoria.
11 Ninguém exija, contudo, o resultado absoluto num instante.
12 Quantos séculos teremos despendido, na formação da selva de nossos instintos e de nossos caprichos obscuros?
13 O serviços de adaptação e educação reclama tempo e paciência para que a colheita do conhecimento e do amor, em cada alma, enriqueça os celeiros da Terra.
14 Não esperemos que o nosso companheiro de experiência nos ofereça a perfeição impraticável de um momento para outro.
15 Se procuramos o Cristo, gravemos as lições d’Ele, em nós mesmos, antes de impô-las aos semelhantes.
16 Adubemos o solo dos corações com a luz do bom exemplo, com a bênção da fraternidade, com a flor do estímulo e com o silêncio da compreensão.
17 Não firamos, onde não possamos auxiliar.
18 O Sol resplandece sem palavras, curando as chagas do Planeta.
19 A fonte rola cantando, sem acusações, colada ao dorso da Terra.
20 O vento fecunda a natureza, sem exigências.
21 Amemos sempre.
O coração que se devota à fraternidade não usa o poder do verbo para denegrir ou dilacerar.
22 Passemos auxiliando.
23 Compadeçamo-nos do cardo que ainda conserva aguçados acúleos.
24 Compadeçamo-nos das ervas envenenadas, que ainda não conseguiram modificar a própria seiva.
25 Compadeçamo-nos das árvores infelizes, cujos galhos ressecaram pela pobreza do ambiente em que nasceram.
26 A senda é longa.
A romagem solicita o esforço das horas incessantes.
27 Sigamos improvisando o bem, por onde passarmos.
28 Guarde a nossa luta a sublime experiência do semeador.
29 Compreendamos o cipoal, auxiliemos o chão duro do destino e aproveitemos a lama da estrada para o bem geral, projetando na terra das almas as sementes benditas que o Mestre nos confiou.
30 E, esperemos o tempo, de vez que o tempo é o patrimônio da Divina bondade que na esteira dos dias, dos anos e dos séculos, nos oferecerá sempre a colheita de nossa vida, segundo as nossas próprias obras. ( † )
André Luiz