1 UMA coincidência de notar entre os quase náufragos da aflição e do afogamento:
2 Os que se debatem nas águas temendo a morte rogam o socorro de quem lhes estenda as mãos;
3 Os que se encarceram no desânimo, receando o desequilíbrio, para se livrarem dele precisam estender as mãos aos outros.
4 Geralmente quando nos confessamos abatidos, muitas vezes queixando-nos contra tudo e contra todos, achamo-nos simplesmente encerrados na masmorra do “eu”, que transportamos conosco, à maneira de fardo muito difícil de carregar.
5 Este é, contudo, o momento para sair de nós, alongando os braços na direção dos outros, para que os outros nos arrebatem ao poço da angústia.
6 Abrir o coração ao encontro de alguém a fim de que alguém nos alivie.
7 Auxiliar para sermos auxiliados.
8 Se te encontras numa ocasião dessas, de espírito ilhado na solidão, recorda que as portas da alma unicamente se abrem de dentro para fora e busca a liberação de si mesmo.
9 Desnecessário será dizer que a gentileza para com os vizinhos, a visita ao doente, o socorro ao necessitado, o serviço-extra, a carta que se dirige ao amigo distante, o amparo à natureza e todas as formas outras de atividade em que se nos expresse a doação de calor humano são veículos ideais para sairmos de nós à procura da própria renovação.
10 Se te encontras assim, no dia cinzento de mal-estar, não é necessário adotes a transposição do desalento à custa de tranquilizantes inadequados ou ao preço de aventuras que talvez te marginalizassem nos espinheiros da culpa. Todos possuímos conosco a clínica espiritual de autotratamento com as faculdades da ação e da criatividade ao nosso dispor.
11 Quando estejas desse modo no recanto da angústia, se experimentas a fadiga sem causa, trabalha mais e, se trabalhando mais sentires a presença do cansaço compreensível e justo, procura o repouso indispensável ao preciso refazimento e recobrarás as próprias forças a fim de trabalhar e servir mais ainda.
Emmanuel