1 De minha casa de barro,
Cheia de paz e de amor,
Eu venho saudar convosco,
Nosso antigo benfeitor.
2 Trago os filhotes comigo,
Em trajes de festival,
Compartilhando a alegria
De um natalício imortal.
3 Vimos do abrigo amoroso,
Dos cimos da prateleira,
Entramos pela janela
Num galho de trepadeira.
4 Como esquecer a voz terna
Repassada de carinho,
Que conversava conosco
Na solidão do caminho?
5 Como olvidar a mão clara,
Que tudo fazia certo,
Quando vinha docemente
Encorajar-nos de perto?
6 Grande amigo! Muitas vezes,
Deixava o salão dourado
Para buscar-me o lar rude,
Pobrezinho, desprezado.
7 Por que fôssemos humildes,
Trabalhando em terra escura,
Nunca deixou de tratar-nos
Com carinho, com ternura.
8 Pobre operário que eu sou,
Falava-me ao coração,
Ensinava meus filhinhos
A terem educação.
9 Chamado às honras do mundo
E às ambições da riqueza,
Preferiu viver conosco
Na sombra e na singeleza!…
10 Espalhava em nossa casa
As bênçãos e os dons divinos.
Sabia exaltar no mundo
A glória dos pequeninos!
11 Professor, recebe agora
Nossa eterna gratidão!
Que um passarinho também
Tem alma, tem coração!
Casimiro Cunha
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