09|02|1938
1 Meu caro filho, n
Graças a Jesus posso te trazer nesta noite a minha palavra de avó, que muito te estima.
2 Andas ameaçado de um esgotamento nervoso pela intensidade de trabalho no ambiente babilônico do Rio de Janeiro. Mas com a calma do campo vais melhorar rapidamente. O nosso receitista vai te receitar agora e além dele, aliás, além desse auxílio, procuraremos proporcionar-te o máximo de forças. 3 Agora, nestes dias, procura repousar o mais possível. Julgamos oportuno e conveniente que te resolvas a ficar com Maria os dias que puderes em beneficio de tua saúde. Não te preocupes em demasia com os muitos tratamentos, tudo será ajustado de acordo com tuas necessidades.
4 Manda dizer ao Aurélio n que estive com o nosso General Pêgo Junior, n que o está auxiliando no grande trabalho da Cruz dos Militares, e dize à Julinha para ela não ficar nervosa com tantas atividades na Igreja. Isso é preciso por enquanto.
5 Adeus para vocês! Que a piedosa mãe de Jesus os abençoe,
Júlia
Notas da organizadora:
[1] Refere-se ao meu tio Mário, filho de Júlia e Aurélio, neto de Júlia Amália da Silva Pêgo, a comunicante.
[2] Refere-se ao vovô Aurélio, marido de Júlia, filha da comunicante, Júlia Amália da Silva Pêgo.
[3] O Marechal Antônio José Maria Pêgo Junior, marido da comunicante, nasceu em 2 de julho de 1841, em Santos. | SP. Desencarnou em 7 de julho de 1907, no Rio de Janeiro. | RJ. O casal teve três filhas: Júlia, minha avó, Esther e Maria. O Marechal participou da Guerra do Paraguai e do Cerco da Lapa, no Paraná. Conhecido desde sempre pela bravura e lealdade incontestáveis nos serviços prestados à pátria como oficial do Exército, foi acusado injustamente por crime de deserção, em 1893, durante o histórico Cerco da Lapa, no Estado do Paraná, à época da transição do regime monárquico para o republicano. Após passar por dois processos condenatórios, esteve preso, incomunicável, por 9 meses, vindo a ser absolvido pelo Supremo Tribunal Militar, que, revendo os autos e a insustentabilidade das acusações, reformou a iníqua sentença, restituindo-lhe a liberdade e livrando-o da pena de morte. Segundo o Coronel Cordolino de Azevedo em seu livro O Marechal Pêgo Junior e a invasão do Paraná, “(…) Pêgo tinha a coragem moral de se dizer monarquista. Seria ele, portanto, o responsável pelos desastres de todos. (…)”. A lisura e a honra imaculada do Marechal Pêgo Junior foram, portanto. restauradas para a história nacional, tendo sido ele, mais tarde, o 34º provedor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares, instituição benemérita para a qual dedicou muitos anos de sua vida. Pêgo Júnior era outro modo como o Marechal Antônio José Maria Pêgo Júnior assinava seu nome. Algumas mensagens recebidas por Chico Xavier também são assinadas por ele como Antoninho ou tão somente Pêgo. Sobre o assunto, sugerimos a leitura de Militares no Além (VINHA DE LUZ, 2008), psicografia de Chico Xavier por Espíritos diversos, de minha organização. Mensagem recebida por Chico Xavier e Rômulo, com a utilização da prancheta. Maria Joviano fez as anotações.