Este é um poema de insônia, de noites de prantos, de lágrimas sentidas, de mãos vazias…
Era uma flor de longos cabelos loiros, trançados de sonhos; de esperança, de vontade de viver, de amar e de sorrir.
Era uma promessa eterna de esperança, a ânsia da ilusão primeira.
Era o ser querendo vida, era a alma cantando; falando de amores, era o Sol de toda manhã, era a chuva do céu caindo.
Meu desejo em sonhos, era a cor do arco-íris; nos seus passos… meu compasso de emoções.
Vi seu riso, suas tristezas, suas angústias…
Vi seu pranto, suas poesias, sua esperança…
Este é um poema de lembranças tão lindas…
De noites escuras que hoje choro por você…
Da minha flor, as tranças se soltaram, os sonhos caíram…
Não pode mais amar, não pode mais sorrir.
Meu arco-íris, perdeu suas cores, meus passos já não têm compasso…
Caminham por horas mortas, levados pelo meu triste canto
O amanhã já não traz mais seu Sol, a chuva já não cai mais do céu…
Cai do pranto dos meus olhos.
Este é um poema de tristeza, de desespero, de felicidade passada..
Minhas noites agora, Senhor, são gotas de um mesmo pranto, é uma amarga solidão.
Caminho só pelas calçadas, buscando em cada vulto, o perfume da minha flor, o seu riso que encantava…
Buscando em cada passo o seu andar de criança… já quase de uma mulher.
Hoje busco em cada verso, um pouco dos versos seus, procuro em cada sorriso, um pouco do riso seu.
Este é um poema de dor mesclado de amor e saudades, é um poema triste de quem não sabe mais sorrir…
É o poema de uma mãe, que numa tarde fria de junho, viu o Sol se apagar…
Viu dois olhos se fecharem, enquanto suas mãos procuravam um pouco de sangue a pulsar.
A esperança foi sumindo…
O meu pranto foi caindo…
E… junto da minha flor, eu morri também.
Vilma (mamãe)
(Rui Barbosa — Bahia — 21.12.1980)