O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diário de bênçãos — Mensagens familiares de Cristiane


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Primeira Mensagem

29 de novembro de 1980.


Retornei a Uberaba.

Fui confiante que minha filha mandaria seu recado. Faz pouco tempo de sua desencarnação, apenas cinco meses, um incentivo… a certeza da comunicação. Com a maior emoção, em lágrimas de felicidade, recebo a primeira mensagem de minha filha Cris, pelas mãos benditas do médium Francisco Cândido Xavier, em Uberaba, no Grupo Espírita da Prece.

O primeiro passo para um reencontro eterno de esperanças.

Agradeço a Jesus, ao Chico e a você Cristiane, pelas maravilhosas palavras.


1 Querida mãezinha Vilma, abençoe-me.

2 O seu cansaço e a sua expectativa nos comovem.

3 A querida vovó Olímpia me trouxe até aqui para este encontro. Comunica-me que devo explicações à querida família, o que tento articular nestas folhas escritas.

4 Sobretudo, é a tranquilidade ao seu carinho, ao meu pai, aos irmãos, ao Paulinho e aos familiares que me cabe promover.

5 Mãe querida, não se aflija por mais tempo. Rogo-lhe. O que sucedeu foi o inevitável.

6 Vendo-me com a Virna e conversando sobre festas joaninas, repentinamente lembrei-me de que pretendia guardar alguns enfeites no móvel em que estava a arma do irmão.

7 Sem a menor ideia de que o perigo nos cortejava, retirei-a, ou melhor, procurei retirá-la cuidadosamente do lugar em que se mantinha.

8 Inábil qual me vi, não sei de que modo certa parte da arma tocou no móvel e o projétil foi arremessado sobre mim. 9 Arrasada de susto e ainda desconhecendo que consequências poderiam sobrevir da ocorrência, estirei-me às pressas no leito rente a nós e, sinceramente, não sei de que maneira larguei a arma ou deixei-a em qualquer lugar, porque a intenção de acolher-me no leito foi meu propósito dominante.

10 Era inútil gritar por socorro, porque as forças não davam para isso. 11 Notava a aflição da companheira que não tivera participação alguma no episódio infeliz, entretanto, nem mesmo dirigir-lhe a palavra estava em meus recursos, porque a voz esmorecera na garganta e um abatimento estranho me dominou todas as energias.

12 Não sei se aquilo foi morrer ou dormir, desmaio ou repouso…

13 A única recordação que me ficou foi a certeza de minha impossibilidade para qualquer reação… 14 Tenho a ideia de que o acontecimento se verificou numa sexta-feira e que os meus derradeiros assuntos se ligavam às comemorações joaninas…

15 Penso que com este depoimento estou desempenhando um dever de que não posso me afastar. 16 Ignoro o que terá dito a nossa Virna sobre o caso, mas penso que qualquer desorientação da parte dela será claramente natural, porque nem eu própria conseguirei minudenciar o trajeto de tão poucos centímetros entre o meu impulso de remover a arma e receber o impacto de que me vi objeto.

17 Ficarei muito grata com os esclarecimentos que possam ser transmitidos ao meu pai, ao João, ao Luiz, ao Ageu e ao Paulinho, pois não desejo que venha a pairar qualquer dúvida tendente a incriminar uma companheira de quem sempre recebi os melhores momentos de confiança e amizade.

18 Rui Barbosa está longe espacialmente falando, mas estamos perto da verdade e a verdade é o que procuro comunicar ao seu devotamento de mãe.

19 Se errei, procurando modificar algo no móvel, peço me perdoem.

20 Deus permitirá que a paz se sobreponha a todos os detalhes da ocorrência para que as minhas informações consigam fazer a serenidade de que todos necessitamos.

21 Querida mamãe, ainda não consigo ser mais explícita. Ainda assim, me reconheço reconfortada com a possibilidade do desabafo que me alivia.

22 Saudades são muitas, no entanto, a sede de paz em auxílio de nós todos é a nota predominante dos sentimentos que me tomam o coração.

23 Agradeço, querida mamãe, tudo o que consiga fazer para auxiliar me, no sentido de clarear a situação e envio, por seu intermédio, as minhas lembranças a todos, com todo meu amor à vovó Dulcina aqui conosco.

24 Não estou escrevendo sozinha porque não conseguiria dispor de meios para me exprimir, como quem telegrafa. 25 Vovó Olímpia e aquele amigo que se me fez conhecido e estimado por vovô Lourenço, com outros amigos, nesta hora me amparam os pensamentos e a mão a fim de que me expresse com verdade e clareza.

26 Com o meu reconhecimento por suas lágrimas que têm sido igualmente minhas, e por suas orações das quais compartilho, peço à sua bondade receber todo o carinho e toda a gratidão de sua filha


Cristiane


NATAL CHEGANDO


A tristeza novamente.

Apesar das provas de sobrevivência que eu tivera, balançava meu coração não aceitando a ausência.

Natal é data marcante, principalmente para as famílias saudosas e entristecidas recentemente.

A vitória sobre a dor é lenta.

Orei muito a Jesus e à Cris que me assistissem para suportar esse primeiro Natal de ausência.

Foi uma data diferente.

Conheci a alegria de um sorriso na doação do coração ao semelhante necessitado.

Foi um verdadeiro Natal.

Na doação senti a constante participação de Cristiane, imaginando suas mãos dentro das minhas.


Vilma Ducatti


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