O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Deus conosco — Emmanuel


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O discípulo amado

31/03/1938


1 Meus amigos, muita paz. As vossas preces de amor se elevam ao Infinito em volutas divinas, estabelecendo o caminho claro e suave para as grandes revelações do sentimento e da fé. 2 A personalidade do discípulo amado de Jesus, que foi Allan Kardec, foi lembrada por vós com as mais doces comemorações. 3 O Plano invisível associa-se ao vosso esforço votivo. Também nós nos reunimos, em outros Planos, tentando projetar uma claridade nova sobre as sombras dos tempos ominosos que agora atravessais. 4 Sim. A grande figura do mestre deve ser evocada. A sua vida de nobres exemplificações deve ser tomada como paradigma pelos obreiros novos. 5 A sua obra foi a de um revolucionário divino, em complementação ao trabalho e ao sacrifício do maior revolucionário do mundo, que foi o divino Mestre. 6 Allan Kardec é o hífen de luz, unindo os repositórios sagrados de todas as gerações. O seu esforço ainda é o trabalho permanente da evolução de toda a cultura humana no Evangelho de Cristo. 7 E nunca, como agora, essa semeadura deve ser cultivada. O mundo retrocede a passos largos para todos os processos de força. Um novo espírito de rapina desenvolve-se no seio das nações imperialistas do globo. Os ditadores se reúnem, apressando o extermínio das conquistas penosas da civilização. Sobre a fronte da humanidade, os corvos da ambição se reúnem para a carnificina e para a morte, dentro dos bastidores trevosos do armamentismo internacional. 8 Onde a cultura e a conquista moral? Os grandes pregadores da sociologia encarecem as necessidades dos tempos: apela-se para todas as fontes do conhecimento espiritual, mas a realidade positiva é que tudo se apresta para as lutas finais, nesse tenebroso apogeu da civilização. 9 Semelhante fenômeno não tem suas origens na necessidade de matérias-primas, por parte dos países superlotados. Bem sabemos que das trocas depende toda a estabilidade da economia do mundo e o mundo produz o bastante em todos os seus setores para aquele que é o usufrutuário e não dono dos seus bens — o homem. 10 Semelhantes fatos, de capital importância nos processos evolutivos da humanidade, têm os seus ascendentes no espírito de agressividade, no instinto de egoísmo do homem moral, que não soube elevar-se às altitudes do homem material, acompanhado das mais extraordinárias conquistas científicas. 11 Os descendentes do primata antigamente cuidavam apenas do problema de viver, dominando, aos poucos, os segredos ocultos da natureza. 12 A natureza foi, então, dominada. Criaram-se todas as facilidades e todas as comodidades da civilização no curso incessante dos séculos. O homem devassou o fundo dos oceanos, elevou-se à estratosfera, projetou viagens interplanetárias, organizou as ciências positivas, inaugurou inventos e devassou o recôndito do orbe, solucionando os seus enigmas, mas, voltando para si mesmo nos tempos que correm, quando a radiotelegrafia e o avião transformaram o globo numa pequena moradia, regressando ao seu mundo interior o homem das filosofias avançadas esbarrou com o dístico do templo de Delphos. n 13 Eis aí, meus amigos, a grande função da codificação kardequiana nos tempos modernos: apontar ao viajor extenuado do planeta o conhecimento de si mesmo e a estrutura de sua personalidade imortal e indivisível, alargando as suas possibilidades e ampliando a sua visão espiritual. 14 O grande trabalho do Espiritismo atualmente é o de preparar a mentalidade humana para a revolução sociológica que teremos que conhecer, em tempo oportuno. Não à base da filosofia amarga do homem econômico, do comunismo marxista, nem à margem dos processos de força dos estados totalitários. 15 Mas revolução espiritual, renovadora do homem, sem contribuição de ordem política, revivendo-se o socialismo cristão em expressões puras e simples, das quais o microcosmo Galileia foi o teatro imortal. Revolução do mundo interior de cada um para a compreensão da paz, sem as armas, e da fraternidade, sem estatutos e disposições de ordem econômica. 16 É por isso que, saudando a era nova convosco, depois dos últimos massacres que a ambição e o egoísmo dos homens terá de viver, em anos próximos, trago-vos a expressão da minha fervorosa crença no divino Modelo, aguardando o porvir cheio de confiança na misericórdia de Deus, na direção de fato e de verdade para todas as nações do planeta terrestre. 17 E lembrando a figura nobre do grande discípulo e mestre generoso, que agora recordais, confirmo a expressão de um dos nossos amigos, quando lembrou a figura de Goethe: apontando a universidade como salvação de sua pátria, aponto-vos igualmente o Evangelho restaurado, o estatuto de amor e de luz do Mestre, cuja prática, e de cuja observância, nascerá a grande verdade e a paz duradoura da felicidade humana.


Emmanuel



Nota da Editora: Mensagem psicografada por Chico Xavier na União Espírita Mineira, em sessão comemorativa ao desenlace de Allan Kardec, realizada a 31 de março de 1938.


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