1 O nosso Doutor Eurípedes
Não gosta de fofocagem,
Acho certo e peço a ele
Que me rasgue esta mensagem.
2 Pedi ao mentor Emmanuel
Permissão para estas trovas,
Para sorrirmos um tanto
Em meio de nossas provas.
3 Tanto escreveu Chico amigo
Que entortou as próprias pernas,
Mas pode escrever comigo
Notas da vida moderna.
4 Ninguém se assuste
Isso querer um pouco,
Demonstrando aos meus irmãos
Que estou vivo, sem ser louco.
5 Se alguém te despreza a dor,
Não respondas. Silencia.
Sofrimento é para todos
Cada qual tem o seu dia.
6 Sofri sonhando castelos
Que despencara no ar,
Mas agora estou contente
Numa casa popular.
7 Calendários dos que sofrem,
Conheço em formatos mil,
São parados num só dia,
Dia Primeiro de Abril.
8 Pregador de caridade
Um dos melhores que vi,
Gritava na multidão:
— Cada qual cuide de si.
9 O preço de utilidades,
Alteia e agora se expande,
Nunca vi em nossa Terra
Tanta gente de mão grande.
10 Hoje espantado, escutei
De ouvidos na voz do vento:
Dizem que juntar os trapos
É nome de casamento.
11 No meu recanto relendo
As revistas e os jornais
Concluo com meus botões
Que a nudez aumenta mais.
12 Vendo moça vestida em tiras
Sem ter decote nem saia,
Perguntei e ela me disse:
— É a moda ornamentária.
13 De modas para a mulher
Não sei a melhor maneira
Mãe Eva se resguardava
Entre folhas de parreira.
14 Não sou da pornografia,
Jamais escrevi por mal,
Anotem que eu nada disse
Em torno do Carnaval.
15 Amarguras, provações?
Porém não pensamos nisto,
Lembremos que será lindo,
Nosso Natal generoso,
Recordando Jesus Cristo.
16 Eu amo e quero o meu povo,
O povo que eu sempre quis,
Sendo sempre brasileiro,
Sinto-me forte e feliz
Cornélio Pires
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