| 3 de outubro de 1931.
1 Ao ingressarmos no conhecimento da Doutrina Espírita, após recebermos os seus luminosos ensinamentos, quando nos sentimos na completa posse desse tesouro espiritual, um pensamento nos domina: o de trabalharmos para que os nossos semelhantes venham partilhar das nossas alegrias espirituais.
2 Condena-se o ostracismo, malsina-se o materialismo dissolvente, o fogo purificador da verdade abrasa o coração do novo crente, que deseja, com ardor, inflamar de fé toda a humanidade sofredora.
3 Um misto de profunda alegria e excelsa luminosidade enche a alma humana quando, deslumbrada, busca fitar a grandeza do Consolador. 4 É desse êxtase, no encontro da radiante luz, que nasce aquele estado de alma que, dulcificada pela crença imorredoura, anela desdobrar-se para espalhar as radiosidades sublimes da verdade plena que a ilumina. 5 Todavia, quão poucos, passadas as horas de deslumbramento, sabem conservar a fé e o firme propósito de trabalhar.
6 A maioria transforma os seus maiores entusiasmos e arrebatamentos em fogos fátuos. Desanima-se com o labor de um dia, estaciona-se ante o menor obstáculo, desespera-se na primeira dificuldade e torna-se abatida, repousando criminosamente. 7 A rotina apresenta-se-lhe como barreira intransponível, o interesse cega-lhe os olhos e o preconceito afigura-se-lhe como um colosso inabalável. 8 Confessa-se impotente para a luta. Possui a fé e isso lhe basta. Porém, que pode valer a fé sem as obras? ( † ) 9 Como se pode qualificar a moral sem a exemplificação? Todo ideal não concretizado é um ideal morto. 10 E como realizar o nosso, que é a luz, a verdade e o bem se não dispensarmos o mínimo esforço?
11 É preciso trabalhar, pois, trabalhar incessantemente, não reparando nos sacrifícios. Necessitamos conservar a nossa fé vívida e pura, exteriorizando-a em obras aproveitáveis em prol do progresso coletivo.
12 Trabalhemos! Multipliquemos as nossas atividades no desempenho dos nossos deveres e não fitemos nunca os fantasmas apavorantes do interesse e da conveniência.
13 Sejamos condutores da luz e jamais esqueçamos que devemos amar a verdade e o bem acima de todas as bagatelas e frivolidades terrenas.
14 Trabalhemos, confiantemente, com tenacidade e amor na seara de Jesus, para que nos tornemos dignos da felicidade imortal que Deus nos reserva.
F. Xavier