| 1º de maio de 1931.
À Cidália.
1 Cerram-se teus olhos materiais para as aparências deste mundo de ilusões e abriu-se tua iluminada visão espiritual ao maravilhoso sol da Espiritualidade.
2 Seria demasiado e inqualificável egoísmo lamentarmos o teu regresso à ditosa pátria dos Espíritos. Não, nós não choramos; uma indefinível alegria íntima inunda-nos o ser em te vermos feliz em demanda dos Planos superiores da vida. 3 Tua alma nobilíssima, coroada de virtudes, soube erguer o castelo da ventura indestrutível nas regiões da Luz! Saúda, pois, essa imortalidade brilhante que te circunda!
4 A nobreza e a elevação do teu Espírito formoso atraíram-te a falange radiosa de desvelados protetores, que te trouxeram as boas-vindas na tua volta às paragens do amor.
5 Vi-os dulcificando as dores que dilaceravam o teu corpo, prodigalizando luz à tua alma generosa; abreviaram-te atrozes sofrimentos, desligando, caridosamente, os últimos liames que te agrilhoavam à carne putrescível.
6 Vi-os, ainda, sorridentes e compassivos, a ampararem o teu ser em seus braços tutelares, encorajando-te com ternas e carinhosas palavras de conforto e consolação quando teus olhos verteram lágrimas ardentes por aqueles que deixavas nos cárceres da Terra! 7 Escutei ainda que suas vozes angelicais uniam-se num cântico sublime de amor em agradecimento a Deus, hino intraduzível na nossa linguagem empobrecida que entoavam, louvando ao Pai misericordioso, que lhes permita, magnanimamente, auxiliar mais uma alma a libertar-se da existência planetária, tão fértil de amarguras. 8 Vi que te achavas banhada de luz, como se te envolvessem em um manto de névoas resplandecentes, e reconheci que eras agraciada pelo sumo Árbitro do Universo com o selo divino que se denomina a Exaltação dos Humildes!
9 Uma felicidade imorredoura circunda o teu eu imortal. 10 Que mais queremos? O pranto seria egoísmo e conservando-te para sempre em nossa memória esperamos que nos auxilies a conduzirmos nesta vida o madeiro das provações remissoras.
11 Alma aureolada por todas as virtudes, coração enobrecido pelos mais puros sentimentos, Espírito radioso de humildade e de amor, alça o teu pensamento, eleva-te mais ao alto, até ao coração lúcido das Esferas da perfeição!
12 E que nós, sepultados nos túmulos da carne, do nosso triste exílio de sombras, possamos, resignados e venturosos, exclamar contigo: “Salve, Imortalidade!”
F. Xavier