| 16 de abril de 1931.
1 Seguir Jesus é conduzir, intemerata e dignamente, ao calvário da redenção, a cruz que se acha sobre os ombros de todo aquele que se encontra em estágio na face da Terra, escola de acrisolamento e regeneração. Suportá-la é desempenhar todos os deveres cristãos para com Deus e para com o próximo.
2 É a grandeza da humildade, a magnitude do amor, a excelsitude da caridade, o desinteresse do sacrifício, a sublimidade, a abnegação, a fortaleza da fé, o consolo do perdão, o afastamento do orgulho, a extinção do egoísmo, é, enfim, a renúncia total de tudo o que se faça em detrimento do Espírito imorredouro para o proveito falaz do corpo putrescível, eivado de instintos malsãos, com os quais tem o Espírito de combater para adquirir os galardões imperecíveis da luz.
3 Foi, talvez, desconhecendo essa renúncia que as seitas militantes, no transcurso dos tempos, nas sendas da humanidade, pouco fizeram de bem no campo imenso da espiritualidade. Falaram de Deus, mas isolando-O do coração humano para colocá-Lo nos recintos faustosos dos seus templos de pedra. Entesouraram na Terra o que deveriam depositar nos Planos luminosos da Imortalidade. Tal imagem ainda apresenta o característico de quase todos aqueles que alcançaram de Deus a alta investidura de guiar almas neste mundo.
4 Trocaram a luz pela sombra. Fizeram da religião, que deveria ser o estandarte da paz e do amor do Pai, para todas as criaturas, um motivo de criar sectarismos em todos os modos por que se manifestam as atividades na vida planetária. 5 Antes de Deus colocaram o interesse mundano como o objetivo máximo de suas preocupações. 6 Amordaçaram durante muito tempo o progresso, perseguindo os seus cultores. 7 Renegaram a paz, incitando as guerras. 8 Afastaram-se da humildade, humilhando os seus semelhantes. 9 Esqueceram a lei do amor, que é a igualdade, distinguindo os pobres dos ricos e ainda oferecendo a estes títulos nobiliárquicos.
10 Por tais abusos, a alma humana já quase não possui a força que vitaliza a luz da lâmpada que a ilumina — a fé. Daí os descalabros morais, a crise moral que domina homens, coletividades e povos. 11 É nesse ambiente de falência da fé, com a ausência da crença, que brilha nos horizontes da Terra a Terceira Revelação, como a clamar no deserto: “Deus existe! A alma é imortal!”
12 Ela vem como o cumprimento de consoladora e suave promessa a todos aqueles que esperam o sol do Evangelho na face do mundo. E como vem para restabelecer a verdade, para afastar a ignorância, para proclamar o amor, para a ressurreição da fé, para o renascimento do puro Cristianismo na Terra, recebem-na com maus olhos aqueles que buscam atrofiar a evolução do povo, embotando a sua mentalidade.
13 Desejam-na destruída, porque ela lhes fere o interesse e o orgulho, proclamando o desinteresse e a fraternidade. Porém, ela não será destruída, porque não é concepção do homem imperfeito e enceguecido. Uma vontade superior, que é divina, preside os seus surtos de progresso, os seus alevantados voos em ascensão direta para a perfectibilidade. Malgrado a inópia de uns e a persistência de outros em conservar-se na treva, ela caminhará guiada pela mão de Deus, disseminando a paz, espargindo luzes, unificando as almas no mesmo ideal de perfeição.
14 A mão do homem poderá tocá-la, todavia, ela ficará incólume e imperecível como tudo o que é divino.
15 Não obstante a ciência negativista, a religião do interesse e a política sectária, a Terceira Revelação marchará desassombrada e do estado caótico em que jaz a humanidade terrena, sem crença e sem fé, ela formará a nova Terra, o novo horizonte, onde o amor de Deus será a luz imortal no coração humano, que então conhecerá a conquista da felicidade indestrutível.
F. Xavier