Maria Dolores
1 Se alguém te fere a vida,
Olha a fonte que passa, coração,
Beijando a pedra imerecida
Que se lhe atira à face,
Como se nada houvesse e nada lhe alterasse
O serviço de amor na beleza do chão!
2 Aquele que te odeia ou te persegue,
Embora mostre um cérebro perfeito,
Não vê a sombra espessa em que se envolve
E a ferida mortal que traz no peito.
3 Quem te agrava ou injuria
A cruz de provação que carregas na estrada,
Não sabe quanta dor lhe virá, no futuro,
Da atitude impensada.
4 A pessoa que inveja
Não percebe que alenta, dia a dia
Escondido no próprio coração,
O veneno minaz que lhe furta a alegria.
5 Quem te condena as lutas em que choras
Desconhece, de todo,
Que abre para si mesmo, ante os campos da Terra,
Uma estrada de lodo!
6 Para ofensa que surja e ofensa que ressurja,
Perdoa, esquece e ampara, outra vez e outra vez.
O tempo restitui, em conta viva e certa,
Todo bem que se dá, todo mal que se fez!
7 Se alguém te fere a vida,
Olha a fonte que passa, coração,
Beijando a pedra imerecida
Que se lhe atira à face,
Como se nada houvesse e nada lhe alterasse
O serviço de amor na beleza do chão.
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