O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier — Mandato de amor — Autores diversos — 4ª Parte


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A mensagem do homenageado

 (Discurso de agradecimento do médium Francisco Cândido Xavier, quando do recebimento do título de cidadão honorário de Belo Horizonte, em reunião solene da Câmara Municipal — dia 8/11/1974, realizada na então Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.)


Exmo. Sr. Dr. Helvécio Horta Arantes, M. D. Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Exmo. Sr. Dr. José Augusto, M. D. Senador da República.

Exmo. Dr. Expedito Faria Tavares, M. D. Secretário do Interior e M. D. representante de S. Excia. o Sr. Governador do Estado de Minas Gerais.

Exmo. Sr. Dr. José Xavier Nogueira, M. D. representante de S. Excia. o Sr. Prefeito Municipal de Belo Horizonte.

Exmo. Sr. Dr. João Ferraz, M. D. Deputado Federal.

Exmo. Sr. Dr. Freitas Nobre, M. D. Deputado à Câmara Federal.

Exmo. Sr. Dr. Antônio de Assis Lucena, M. D. representante de S. Excia. o Sr. Secretário de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais.

Exma. Sra. professora D. Maria Philomena Aluotto Berutto, M. D. Presidente da União Espírita Mineira, em Belo Horizonte.

Exmo. Sr. Dr. César Julião de Salles, M. D. Prefeito Municipal de Pedro Leopoldo.

Exmo. Sr. Dr. Antônio Paiva Mello, M. D. Presidente da Federação Espírita do Estado da Guanabara.

Exmo. Sr. Capitão Eduardo Carlos Albuquerque Duarte, M. D. representante de S. Excia. o Cel. João Saraiva Coelho, distinto Comandante do C.P.O.R., em Minas Gerais.

Exmo. Sr. Dr. Stefenson Newman Alves Pereira, M. D. representante do 11. D. Comandante do 12º R.I., em Belo Horizonte, Cel. Izídio Caldeira Brant.

Exmo. Sr. Ten. Nicanor Fernandes Bacellar, MI. D. representante de S. Excia. o Comandante da 11a CSM.

Exmo. Sr. Cel. José de Andrade Drumond, M. D. Chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais e M. D. representante de S. Excia. o Sr. Cel. Vicente Gomes da Mota, Comandante Geral da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais.

Exmo. Sr. José Gonçalves Pereira, M. D. representante da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, notadamente da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Exmo. Sr. Desembargador Dr. Martins de Oliveira, M. D. Presidente da Academia Mineira de Letras.

Exmo. Sr. Dr. Alfredo Marques Vianna Góis, M. D. Presidente da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais.

Exmo. Sr. Dr. José Pinto Mourão, M. D. representante da Associação Comercial de Minas Gerais.

Exmo. Sr. Álvaro Diniz de Deus, M. D. representante e Presidente da Câmara Municipal da cidade de Uberaba.

Exmos. Srs. vereadores da Edilidade Belorizontina.

Exmo. Sr. Vereador Dr. Sérgio Ferrara, M. D. representante da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Digníssimas autoridades civis, militares e religiosas presentes. Exmas. Sras. e Exmos. Srs., queridos amigos de Belo Horizonte.

Ouvi, reconhecidamente, as elevadas considerações do Exmo. Sr. Dr. Helvécio Horta Arantes, M.D. Presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, em torno da minha presença nesta solenidade.

Ouvi, com reconhecimento profundo, a saudação do nosso muito digno vereador à Câmara Municipal da capital mineira, Dr. Sérgio Ferrara, meu amigo e benfeitor, a quem devo a generosa propositura que entrega, honrosamente, para mim, a Cidadania Honorária de Belo Horizonte, conforme o disposto na Lei nº 2.131, de 20 de setembro de 1972, nesta respeitável casa de leis.

E tenho no meu coração as palavras amigas, reconfortadas, de nossa estimadíssima professora D. Maria Philomena Aluotto Berutto, muito digna Presidente da União Espírita Mineira, felicitando-me pela honraria desta noite em nossa augusta Câmara V9unicipal da capital do Estado de Minas Gerais.

Tudo ouvi, rogando a Deus para que, em Sua infinita misericórdia, me faça digno de merecer tanta gentileza e tantas atenções.

Todos sabemos que a palavra é uma conquista inalienável das civilizações. Decerto que a Divina Providência nos concedeu este canal de comunicação por chave básica de nosso relacionamento comum. Entretanto, ocasiões aparecem nas quais toda a pompa verbalística é insuficiente para vestir as emoções que nos galvanizam a alma. Encontro-me no momento assim, em que os melhores raciocínios me sonegam recursos para configurar-vos o meu profundo reconhecimento. Isso decorre do conflito em que me vejo, à altura de vossa magnanimidade em Belo Horizonte, para com este vosso pequenino servidor.

Contrasta com a minha pequenez e entrego-me aos mais profundos processos de autocrítica, para reconhecer a minha total desvalia. Por isso mesmo, sem qualquer credencial que assinale a minha presença, compareço diante da augusta Edilidade de Belo Horizonte, cumprindo o dever de dizer-vos que não tenho qualidades ou méritos para corresponder à vossa benemerência.

Será justo entender uma honraria qual à que brilha nesta solenidade por elevada remuneração social a serviços prestados à segurança e ao bem geral. E não me sentindo absolutamente credor de honra tamanha e observando as raízes espirituais que precederam à preciosa concessão desta solenidade, peço vênia à respeitada Câmara Municipal de Belo Horizonte para considerar honraria tão alta como conquista que pertence, acima de tudo, à venerada cristandade da nossa Capital, generosa e progressista.

A luminosa titulação da Edilidade Belorizontina pertence aos templos católicos que nos alicerçaram a fé cristã, a mesma fé que nos preside os destinos.

Pertence aos templos evangélicos da capital do Estado de Minas Gerais, que nos impulsionam ao estudo permanente das Sagradas Escrituras, e que nos induzem a louvar a infinita bondade do Senhor.

E pertence aos templos espíritas, que nos oferecem, hoje, os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo em novas dimensões, segundo os princípios codificados por Allan Kardec.

Digamos mais: a condecoração que verte da generosidade dos nossos legisladores pertence igualmente aos nossos pais, gênios protetores que nos ergueram o coração para a ideia de Deus.

Pertence aos orientadores da nossa vida pública, que sempre exemplificaram e exemplificam, para nós, o respeito à ordem e à segurança.

Pertence aos nossos líderes nas múltiplas experiências em que se nos desdobra a evolução, que nos traçaram e traçam, constantemente, seguras diretrizes de trabalho e de progresso.

E pertence, igualmente, a todos aqueles que nasceram nestes montes, acreditando no poder e na misericórdia de Jesus Cristo, e que nos ensinam na vivência do amor de cada dia e tão somente, o amor que Ele, o Divino Mestre, nos legou… (Com a mudança da fita da gravação, perderam-se algumas palavras da frase acima) o pequeno servidor com a incumbência de agradecer o elevado troféu que se desvincula ao mérito indiscutível.

Permito-me, com a vossa aprovação, lembrar alguns deles, no livro de minha gratidão inarredável, dos pioneiros que nos esperam na Espiritualidade Maior, lembro-me de Raul Hanriot, de Modesto Lacerda, de José Hermínio Perácio, de José Flaviano Machado, do professor Cícero Pereira, de Rodrigo Agnelo Antunes, do senador Camilo Chaves, de Bady Cury, de Antônio Loreto Flores, de Antônio Aleixo Martins, do nosso sempre lembrado Virgílio de Almeida e de tantos outros, sem olvidarmos D. Guiomar Lélis Pereira, D. Paulina Borges, Henrique Kemper e tantos outros companheiros que estão guardados em nossa memória.

Dos militantes na atualidade, peço licença para considerar o meu profundo respeito à atuação da Exma. Sra. Maria Philomena Aluotto, muito digna presidente da União Espírita Mineira, nesta capital, em cujas mãos temos os destinos na orientação da Doutrina Espírita no Estado de Minas Gerais. E destaco, no meu reconhecimento, dentre muitos, José Martins Peralva, Dr. Noraldino de Mello Castro, Dr. Pedro Valente da Cunha, o professor Henrique Rodrigues e tantos companheiros que trabalham pela construção de um mundo melhor.

E peço, ainda, o vosso consentimento para recordar, aqui, com o meu profundo amor, algumas senhoras espíritas de Belo Horizonte a quem devo dedicação maternal, quais sejam D. Carmem Pena Perácio, D. Lucília de Lima Cavalcanti, D. Laurita Gonçalves, D. Marieta Nobre, anjos maternais do meu caminho, para os quais se voltam os meus pensamentos de gratidão.

Devo dizer, porém, que a transferência simbólica da honraria desta solenidade aos companheiros espíritas cristãos de Belo Horizonte não invalida em mim a orgulhosa alegria de me sentir filho adotivo da nossa capital, conquanto a minha apagada condição para servir-vos.

Crede, no entanto, que seguirei para a frente, nos dias que a Divina Providência me designar ainda, na presente encarnação, transportando no íntimo de minha alma este depósito de amor e de reconhecimento a vós todos, queridos amigos e caros benfeitores belorizontinos, rogando a Deus vos recompense a bondade.

Entretanto, rogo, ainda, a licença necessária para declarar, de público, que minha dívida de agradecimento e de afeto para com Belo Horizonte é mais profunda e recuada no tempo. Quero, com permissão vossa, referir-me ao tesouro de carinho e proteção que recebi, na infância, da inesquecível professora belorizontina que me tutelou espiritualmente na escola, e me favoreceu com a instrução do curso primário, reverenciando o trabalho de todas as distintas educadoras do Grupo Escolar São José, em Pedro Leopoldo, do presente e do passado. Desejo reportar-me a D. Rosália Laranjeira, a distinta educadora de Belo Horizonte, que entregou a própria existência ao apostolado por amor à criança, deixando-nos perceber que magistério e sacrifício são palavras sinônimas.

Depois de minha mãe, a ela, a professora que me orientou nos primeiros dias, devo a certeza de que a luz de Deus brilha em nossas vidas, de que nenhum valor se obtém, na existência, sem trabalho, que a nossa liberdade tem o tamanho do nosso dever cumprido, que a paz e a união devem imperar sobre nós, em nome de Jesus, acima de quaisquer dissensões a que estejamos inclinados, e de que a violência não nos pode servir em tempo algum.

A ela, à memória dessa inesquecível professora de Minas Gerais, que foi para mim neste mundo um exemplo, e que, depois do adeus ao plano físico, se transformou numa estrela em meu caminho e em meus passos, a ela, as minhas homenagens desta hora, homenagens que torno extensivas a todas as professoras da infância, especialmente às senhoras professoras do ensino primário, porque, depois de nossos pais, delas recebemos as primeiras luzes para a vida.

Saúdo em memória de D. Rosália Laranjeira, a mesma educadora que nos deixou as bases do Grupo Escolar Prof. Caetano de Azeredo, nesta capital. Saúdo, em memória dela, a todas as senhoras professoras da Escola Primária, a todas que se dedicam às crianças em Minas e no País, porquanto a elas devemos os alicerces da cultura e da religião, do progresso e da sublimação espiritual na orientação da brasilidade cristã que ilumina o nosso país, à frente do mundo.

Aqui, a emoção traça limite à minha pobre palavra. Agradeço à muito digna Câmara Municipal de Belo Horizonte a magnanimidade com que me acolheu neste recinto e nesta solenidade. Agradeço, mais uma vez, ao Dr. Sérgio Ferrara, D.D. vereador à Câmara Municipal de Belo Horizonte, a elevada concessão deste momento. Agradeço a presença de todas as dignas autoridades que nos acompanharam com tanta bondade e com tanta distinção neste recinto. Agradeço as gentilezas recebidas do Exmo. Cel. José de Andrade Drummond, D. D. chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais. Agradeço as atenções do Exmo. Sr. Dr. Francisco de Paula Andrade, M. D. assessor da Presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Agradeço à União Espírita Mineira. Agradeço à delegação dos amigos e companheiros da capital de São Paulo e das diversas cidades paulistas que aqui se reúnem conosco e que prestigiaram nossa solenidade. Agradeço às delegações das generosas instituições espírita-cristãs, em diversas cidades de Minas Gerais, que aqui se fazem representar. Agradeço a todos os amigos de outras regiões e de outros estados, presentes conosco. Agradeço, nesta hora de profunda significação para minha vida, agradeço à cidade de Pedro Leopoldo e à cidade de Uberaba, a felicidade de trabalhar, de viver, de confiar, de esperar em Jesus e de poder guardar a minha fé espírita-cristã como florão maior dentro das imperfeições que carrego. Agradeço a cooperação da senhorita professora Maria Elpídia Lisboa, incansável amiga que nos prestigiou na comissão organizadora desta solenidade. Agradeço a cooperação do Coral Ars Nova, da Universidade Federal de Minas Gerais, na presença do Dr. Márcio Veloso e do Sr. Maestro Carlos Alberto Pinto da Fonseca. Agradeço as atenções da imprensa falada, escrita e televisada da nossa capital, imprensa essa que nos dispensou tanta magnanimidade, tanta gentileza. Agradeço a todos os amigos aqui presentes conosco. Agradeço àqueles que oraram, pedindo para que a minha palavra pudesse, de algum modo, ser ouvida com o amparo dos amigos espirituais, embora eu não tenha recursos de filtragem para traduzir todo o reconhecimento que me vai dentro da alma. Agradeço, por último, a presença de meus queridos familiares, que nunca interferiram na mediunidade colocada em minhas frágeis mãos, agradecimento que é de coração, porque de todos tenho recebido apoio, compreensão, carinho, solidariedade para que não se comercializasse o trabalho daqueles que nos orientam de uma Vida Maior. E agradeço a Belo Horizonte, a todos aqueles que se encontram na órbita da vida administrativa, religiosa, cultural e de trabalho e de progresso que caracteriza a presença de Minas Gerais.

Agradeço a todos pela gentileza, pela magnanimidade do acolhimento desta hora, e encerro pedindo a Deus que nos abençoe, que mantenha Belo Horizonte como sendo coração vibrante da terra que Deus nos concedeu para nascer, cooperando no progresso e na união de todos, unindo os sentimentos generosos do povo de Minas aos sentimentos generosos de todos aqueles que se encontram em outras unidades da Federação, para que nós todos, confiando na vitória dos ideais cristãos e da vivência cristã no mundo de amanhã, possamos estar coesos, unidos, cada vez mais unidos, cultivando a paz e a concórdia, o trabalho e o progresso por um Brasil maior com Jesus e por Jesus.


Chico Xavier



(Fonte: “O Espírita Mineiro”, número 160, novembro/dezembro de 1974.)


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