O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier — Mandato de amor — Autores diversos — 3ª Parte


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Mensagens psicografadas há 53 anos

1 Recordar é viver, de novo, as emoções de um acontecimento que se perde nas brumas do tempo.

Vamos, pois, todos que viveram as emoções de uma noite de agosto do longínquo 1939, recordar…

Corria o ano da graça de N. S. Jesus Cristo de 1939, e o Centro Espírita Luz, Amor e Caridade realizava concorrida reunião solene para dar posse a sua nova Diretoria, que teria mandato de 1939-1940, ocasião em que fora escolhido para a Presidência o saudoso confrade Bady Elias Curi, mais tarde presidente da União Espírita Mineira.

Muitos companheiros queridos, abrilhantando a solenidade, inclusive a simpática e querida figura do professor Cícero Pereira, na época presidente da Casa Mater de Minas, distinguido com o convite para presidir o ato solene.

Geraldo Benício Rocha, que integrava o Grupo Meimei, de Pedro Leopoldo, fora escolhido 1º secretário da Diretoria que se empossava.

Entre os convidados, a figura querida de todos de um jovem de 29 anos de idade, escondendo-se na sua modéstia, ocultando-se na sua humildade. O seu nome: Francisco Cândido Xavier, nosso querido companheiro, hoje residindo em Uberaba, desde 1959.

A certa altura da brilhante solenidade, que teve expressivo concurso do presidente empossado, Bady Elias Curi, a assistência, em silêncio, concentra-se para que o moço Chico Xavier, com o lápis entre os dedos e laudas de papel diante de si, aguarde a presença, pela psicografia, dos amigos espirituais.

Geraldo Rocha, redigindo a ata, registra no livro próprio as seguintes palavras: Dos momentos que se seguiram à palavra de Bady Curi, que, ainda uma vez, dirigiu-se à assistência, convidando-a à prece, para que o médium Francisco Cândido Xavier, pioneiro da propagação evangélica no Brasil, já pelas obras extraordinárias e incomparáveis faculdades, como ainda pela bondade de seu coração, devotamento, honestidade e humildade insuperáveis, entrasse em comunicação com a alma de luz, que é o seu guia espiritual Emmanuel, que nos trouxe, com a afluência das fontes cristalinas do seu saber, do seu amor e da sua cultura, o que transcrevo:


2 ESPÍRITAS, UNAMO-NOS!…

1 Meus amigos, que o Cordeiro de Deus vos encha o coração de muita paz!  2 De boa vontade e acorrendo como sempre aos eventos promissores da Doutrina, aqui nos achamos de modo a vos trazer o nosso testemunho de fraternidade constante.

3 Nesse momento, realizais o início de uma nova etapa evolutiva, nesta casa de amor fraternal, onde os postulados sublimes do Espiritismo constituem o objetivo sagrado das atividades de todos os corações.

4 Não aproveitaremos o ensejo para palestras filosóficas ou doutrinárias, mas procuraremos aplicar o momento fugaz na exaltação da fraternidade que os deverá reunir os esforços no mesmo tempo de realização e de luta.

5 Trazendo-vos o coeficiente modesto de nossas energias espirituais, desejamos encarecer entre vós outros a necessidade de união e concórdia, a fim de levarmos a bom termo a nossa missão divina, ante o coração augusto d’Aquele que, do Alto, vela constantemente pelos vossos destinos.

6 Os núcleos doutrinários devem florescer por toda parte, de modo a efetivarmos os mais belos movimentos de assistência ao espírito coletivo, contudo, temos de imprimir ao nosso labor o mais alto sentido educativo, na realização da verdadeira fraternidade e da solidariedade real, à luz sacrossanta do Evangelho.

7 É certo que vivemos uma época aguda e difícil. As vibrações antagônicas são objeto de angústia no próprio lar, em cujo instituto divino necessitais erigir a concórdia e a paz inalterável.

8 Por todos os recantos a luta ressurge fragorosamente. Não buscaremos senão na solidariedade plena o recurso de nossa estabilidade, num campo como o da atualidade, onde quase todas as forças periclitam.

9 Minhas palavras destinam-se tão somente a utilizar o nosso momento familiar nesta casa, comemorando a elevação dos novos amigos aos postos de responsabilidade relevante, com um voto de louvor aos laços fraternos que deverão reunir todos os nossos esforços dentro da claridade profunda dos postulados evangélicos.

10 Se o homem desesperado dos tempos modernos é convocado às lutas acerbas, que não diremos do discípulo do Senhor, compelido ao testemunho da fé viva?

11 De vós, como de nós outros, operários da mesma oficina, sem a indumentária carnal, espera o Divino Mestre as provas mais amplas de devotamento e de coragem. 12 Não bastará estudarmos, é preciso sentir.  13 Não bastará doutrinarmos com os bens intelectivos. É necessário evangelizar com os mais altos testemunhos do coração. 14 O que retarda a marcha são as vibrações antagônicas e esterilizadoras.

15 Faz-se mister abraçarmos uns aos outros com amor, como irmãos muito caros que se levantam no mesmo instante das fraquezas iguais.  16 Com amor e humildade, com fraternidade e com fé realizaremos a edificação de nós mesmos nos mais elevados testemunhos de compreensão do Cristo.  17 Não desconhecemos que existem no Espaço, nas Esferas mais próximas dos ambientes terrestres, os grandes agrupamentos da sombra que se movimentam, muitas vezes, com êxito para anular todos os trabalhos da Luz. 18 Mas será possível que venhamos a ceder inermes, ante as energias contrárias, que nos assediam os esforços?  19 Não podemos crer na sombra, mas no poder de iluminação do Divino Mestre. Cremos na Luz, no amor vitorioso, na caridade que regenera e que absolve.

20 Tomando por objeto de minhas palavras essas legendas profundas, eu rogo a Deus que faça de todos nós, encarnados e desencarnados, operários irmãos e trabalhadores devotados.

21 Cada vez que sentirdes o desânimo a penetrar a consciência, em cada instante que atentardes mais para os outros que para vós mesmos, lembremo-nos que uma força de sombra está se aproximando. 22 O Espiritismo é a nossa luz. Brilhemos dentro dela com a coragem e o devotamento do discípulo sincero. 23 Nossas pobres considerações desta noite, meus queridos amigos visam tão somente examinar as nossas necessidades em família. Dentro, porém de nossa fraternidade pura, eu vos compreendo a todos, sabendo contemplar em cada um uma boa fibra de companheiro.

24 Unamo-nos, pois, no mesmo apostolado de realização e de paz e que Deus, na sua misericórdia, ampare os queridos amigos que ascendem nesta noite a novos postos, permitindo que possam desempenhar com o mais profundo brilhantismo espiritual a tarefa para que foram chamados a desempenhar neste instituto cristão, onde as bênçãos da luz, do amor e da caridade florescem para as almas sob o divino orvalho do desvelado amor de Jesus Cristo.


Emmanuel


3 LUZ, AMOR E CARIDADE

1 Que a luz floresça em obras de bonança

Neste templo de vida superior,

Trazendo a paz que acalma toda a dor

Sob os raios divinos da Esperança!


2 Que em tudo aqui resplenda o grande Amor

Em cujos bens o Espírito descansa

Na luminosa bem-aventurança

Que conduz às vitórias do Senhor!


3 Luz e Amor ensinando que em Verdade

Fora da compreensão da Caridade,

Não existe nem Paz, nem Salvação!


4 Senhor, que essa bendita trilogia,

Seja entre nós o laço da harmonia

Que esclareça e console o coração!


João de Deus



(Mensagem e soneto psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier, na noite de 17 de agosto de 1939 no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, em Belo Horizonte, Minas Gerais, em reunião solene de posse da Diretoria do referido Centro, eleita para gestão de 1939 a 1940, sendo eleito presidente o saudoso confrade Bady Elias Curi. Os textos acham-se transcritos nas folhas 38-V e 39, do Livro de Atas das Assembleias Gerais e das Reuniões da Diretoria, iniciado em 22 de janeiro de 1933. A ata, da qual foram extraídos, foi redigida pelo 1.o secretário, Geraldo Rocha. Nas transcrições ora feitas, do livro de atas do Centro Espírita Luz, Amor e Caridade, não fizemos nenhuma alteração. Conforme verificará o leitor, respeitando a ortografia da época e o aspecto redacional da ata, com o que tributamos fidelidade aos históricos documentos, que remontam aos idos de 1939.

Tanto o trecho da ata quanto a mensagem de Emmanuel e o soneto de João de Deus, foram transcritos “ipsis verbis” para que seja conservado o mesmo sabor da época em que foram escritos [No livro digital foram efetuadas atualizações ortográficas. K. J.].

Sob o ponto de vista doutrinário-evangélico, ressaltamos, na mensagem de Emmanuel, a mesma diretriz, o mesmo equilíbrio e segurança, o mesmo pensamento Integralmente voltado para o espírito e a essência do Cristianismo, do qual tem sido fiel intérprete e fiel seguidor ao longo do tempo.)


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