1 Nos círculos espiritistas, muito se tem falado de uma fé raciocinada, mas poucas vezes de uma razão iluminada.
2 Se é certo que o sentimento sem a fiscalização do raciocínio pode conduzir ao absurdo, o raciocínio sem o sentimento pode conduzir ao absurdo mais lamentável. 3 O cérebro e o coração não podem viver separados na tarefa construtiva. Sem a perfeita harmonia de ambos todo trabalho edificante torna-se impossível. 4 O primeiro sem o segundo fez o veneno ideológico da negação, com as suas nefastas consequências; o segundo sem o primeiro descansou nos domínios da fantasia e da extravagância dogmática.
5 Estabelecendo o labor da análise, o Espiritismo se propõe reajustar o sentimento, mas, em hipótese alguma, pode prescindir de sua cooperação.
6 A razão calcula, cataloga, compara, analisa.
O sentimento cria, edifica, alimenta, ilumina.
7 A primeira é o homem que termina laboriosa etapa evolutiva.
O segundo é o anjo que começa, nas suas manifestações iniciais, a caminho da espiritualidade pura.
8 A razão é o caminho humano. O sentimento é a luz divina. 9 Por esse motivo todos os investigadores da verdade transcendente que percorram a estrada da experimentação, sem a fé, marcham às escuras e, não raro, esbarram na solidão e no desespero supremos.
10 A ciência analítica, a filosofia especulativa podem fazer muito pelo Espiritismo, dentro de seus métodos experimentais, mas, sem a claridade religiosa, oriunda das ilações do campo doutrinário, estaria ele destinado a representar um papel tão humano e tão transitório, como o das mais notáveis filosofias que o precederam, abrindo as janelas douradas de seus castelos teóricos no mundo, acenando às almas com o jogo das palavras, mas passando… passando sempre, um curso do tempo, acabando mumificadas no sarcófago das bibliotecas esquecidas.
11 Os espiritistas sinceros devem saber que a ciência e a filosofia do planeta são um conjunto de verdades provisórias. Suas equações variam de cérebro a cérebro, como de escola para escola. 12 Sem estabilidade no tempo, ambas acompanham os voos do sentimento, de quando em quando aceso pela fagulha do gênio, que despreza a rotina e o convencionalismo, para iluminar a estrada do futuro infinito. 13 Só o sentimento é bastante grande para elevar-se da esfera comum, quebrando as fórmulas rasteiras.
14 É por essa causa justa que o espiritista cristão, invocando o raciocínio, em todos os instantes da vida, não deve esquecer sua iluminação própria na fé, de sua elevação sentimental, de sua riqueza interior, em suma, de seu aperfeiçoamento individual, na lei do esforço próprio. 15 E é ainda por isso que todos os trabalhadores espirituais da grande causa centralizam os seus ensinamentos em Cristo Jesus, fundamento de toda a verdade sobre a Terra e Modelo Supremo de todas as criaturas humanas, em face de sua necessidade imediata de renovação interior.
Emmanuel