1 O homem de concepções indefinidas,
Que tateia nas trevas da ignorância,
Nada registra além da substância
Da carne estranha que sufoca vidas.
2 Faminto nos celeiros da abundância,
É o herdeiro da lágrima, em feridas,
Sepultado em micróbios homicidas,
Outro Jó, pela chaga e mendicância.
3 É esse homem que, cego à luz divina,
Arma os canhões para a carnificina,
Sonâmbulo sem luz, sem paz, sem norte;
4 Mas a dor que lhe assiste as derrocadas,
Modifica-lhe as míseras estradas,
Nas expressões irônicas da morte.
Augusto dos Anjos
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