1 Evita o excesso de adorno.
De ovelha muito louçã
Toda gente se aproxima
E todos desejam lã.
2 Quando ouvires descrições
De dinheiro e santidade,
Escreve as anotações
Na metade da metade.
3 Deus te guarde de boi manso
Que até hoje vive em paz,
Que do touro bruto e bravo
Tu mesmo te guardarás.
4 Procura falar no fim.
Espera… Ao cair dos muros
Aparecem, muitas vezes,
Serpentes, pedras, monturos.
5 Quem, na casa paternal,
Nunca sofre, nem atura,
Em chegando ao mundo vasto
Espere por desventura.
6 Não peças à Providência
Muito almoço, muita ceia,
Que de carne farta e gorda
A sepultura está cheia.
7 De nada valem bons verbos
E códigos de bom-tom,
Se viveres falando a esmo
Sem praticar o que é bom.
8 No serviço edificante
Seja onde for, sê bem-vindo!
Recorda que enquanto dormes
Teu trabalho está dormindo.
9 Não te dês à bajulice.
O mais infeliz cortesão
Perde a paz da vida livre
E acaba na escravidão.
10 Se resistires à verdade,
Sarcástico, altivo e forte,
Serás por ela esperado
No campo de dor da morte.
Casimiro Cunha
|