1 Quando as nuvens do sofrimento
Invadirem teu céu mental,
Não desfaças a sombra em trovões e coriscos,
Fulminando corações em derredor…
Poderias aniquilar
Muitos germes da fé,
Muitas flores tenras da esperança.
2 Busca o refúgio do silêncio e medita…
E quando a serenidade acolher-te em seu manto,
Fala contigo mesmo,
Conversa com a tua própria ira,
Põe diante dos olhos sua figura sombria,
Dize-lhe que talvez teu irmão
Sinta fome de pão ou sede de carinho
Sem que ninguém lhe conheça o heroísmo obscuro!
3 Talvez esteja exausto
À procura das oportunidades que te sorriem desde muito,
Incapaz de suportar, por mais tempo, as lutas que lhe parecem intermináveis…
4 Possivelmente,
Não iniciou a existência com os recursos felizes de teu começo
E viverá revoltado, entre os espinhos da ignorância.
5 Quem sabe?
Dize à tua cólera
Que o pobrezinho é desfavorecido e infeliz,
Provavelmente, nunca recebeu
Um beijo de mãe, um carinho de esposa, a ternura de um filho,
Um abraço de irmão, o afeto de um amigo,
Talvez
Esteja perseguido em si mesmo
Pelos demônios da inconformação!
6 Comunica-lhe tuas impressões fraternais no grande silêncio…
Tua cólera ouvirá, chorando de dor
E as lagrimas benditas
Lavar-lhe-ão a túnica negra
Que resplandecerá de alvura e de beleza…
7 Em seguida,
Voltará ao teu coração,
Plenamente transformada.
Deixará seus títulos, seus direitos e honrarias,
Esquecerá toda ofensa, toda injúria, toda dor…
8 Mudará o próprio nome
E chamar-se-á Compreensão,
Compreensão gloriosa e sublime,
Filha de Deus,
Irmã da Humanidade e Serva da Natureza,
Para a Vida Imortal…
Alma Eros
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