1. — ALMIR — Tem aqui uma outra pergunta feita também pelo Dr. Domingos Pimentel de Ulhoa, que é o reitor da Universidade de Uberlândia. Ele pergunta: o senhor, com segura obstinação, (revista Realidade já citada), afirma não ser o autor das 111 obras psicografadas, já editadas. Entretanto, o senhor, em entrevistas, pronunciamentos, escritos vários, em estado não mediúnico, demonstra excelentes qualidades intelectuais. Pergunta: está ou esteve em suas cogitações escrever e editar uma obra não psicografada? Não seria a mesma de suma utilidade, quando menos, para um estudo de Literatura comparada, capaz de dirimir algumas dúvidas residuais, ainda presentes na análise do seu trabalho?
CHICO XAVIER — Quando vimos à televisão estimamos falar com nosso coração dentro de toda a nossa autenticidade conquanto nos reconheçamos uma criatura microscópica para estarmos na presença de um auditório assim tão seleto. Mas aos 12 anos de idade, compreendi que a minha vida estava em conflito, grande conflito de sentimentos. O sacerdote católico que me orientava, me auxiliou muito, até que os amigos espirituais chegassem à minha vida e me trouxessem o benefício da Doutrina Espírita, com a orientação para os pequenos recursos mediúnicos, de que sou portador. Quando ouvimos o espírito de Emmanuel pela primeira vez, e que ele nos fez compreender a importância do assunto, nós nos informamos com ele de que em outras vidas abusamos muito da inteligência, nós, em pessoa, e que nesta consagraríamos as nossas forças para estar com ele na mediunidade, nos serviços de Nosso Senhor Jesus Cristo, no espiritismo e por isso mesmo coloquei minha vida nas mãos de Jesus e nas mãos dos bons Espíritos. Creio que se fosse escrever, conseguiria alguma coisa mesmo porque depois dos 40 anos de livros mediúnicos seria impossível que eu não pudesse traçar algumas páginas. Mas renuncio a isto porque considero a imensa significação do trabalho dos bons Espíritos por nosso intermédio. Não vemos nenhum proveito com a nossa intromissão na obra deles, respeitamo-la como todos aqueles que se beneficiam dos livros deles. Sabemos que os livros não são nossos. Quanto mais avança o nosso tempo de idade física na Terra mais reconhecemos que a nossa pequenez é cada vez mais reconhecível, mais identificável e que a bondade dos bons Espíritos é sempre mais ampla em se tratando do meu caso pessoal que não mereço, absolutamente, a consideração deles. Então, eu devo declara.r de público, que embora eu nada tenha para dar, como um animal que vai a uma carroça para cooperar na distribuição, vamos dizer, de cartas ou de medica.mentos ou de certos benefícios ou de algumas utilidades, eu aceitei como um animal, o serviço com os bons Espíritos e peço à Deus que me dê a felicidade de desencarnar nesta função.