1. — VICENTE LEPORACE — Sr. Francisco Cândido Xavier, na qualidade de jornalista bisbilhoteiro, responsável por um jornal radiofônico de grande penetração, eu gostaria de saber de V. Exª qual o tratamento que quer que lhe seja dispensado. De Chico, de Francisco Cândido, de Excelência, ou vamos nos tratar como dois amigos mineiros de longa data?
CHICO XAVIER — Apenas Chico já é demais.
2. — LEPORACE — De mineiro para mineiro?
CHICO XAVIER — De mineiro para mineiro, de irmão para irmão.
3. — LEPORACE — Então Chico, quero saber até onde sua religião, o espiritismo, admite, tolera ou contesta o umbandismo?
CHICO XAVIER — Respeitamos no umbandismo, uma grande legião de companheiros muito respeitáveis, consagrados à caridade que Jesus nos legou, grandes expositores da mediunidade, da mediunidade que auxilia, alivia o próximo, credores do nosso maior carinho, da nossa maior veneração, conquanto estejamos vinculados aos princípios codificados por Allan Kardec, de nossa parte.
4. — LEPORACE — Muito obrigado. Na condição de praticante, ou militante, ou simpatizante do umbandismo, é que eu quero lhe fazer a primeira pergunta, porque isto foi apenas prolegômeno. Admitamos, Chico Xavier, que um médico ilustre, professor estudioso, uma espécie assim de nosso convidado aqui no meio da mesa, Dr. Ernani, se especialize em determinada matéria, chegue à cátedra, e depois, sem que se espere, ele morra. A sua obra é truncada com a sua morte, ou ele depois de morto pode continuar na evolução do Espírito?
CHICO XAVIER — Perfeitamente. Conheço diversos médicos desencarnados que prosseguem em tarefas edificantes, profundamente veneráveis para nós todos e todos eles, esses amigos, nos informam que continuam em seus apostolados, dentro da ciência, para lá da vida física, não só cooperando no campo da assistência religiosa, propriamente dita, mas inspirando os seus companheiros de ministério dentro da ciência, amparando-os e promovendo meios para retornarem ao nosso Plano físico a fim de executarem programas imensos a benefício da Humanidade, já que uma existência de 60 a 100 anos no corpo físico é muito curta, principalmente para os grandes médicos, senhores de alevantados ideais.