1. — A que se atribui na atualidade o evidente acréscimo das doenças mentais?
Segundo os Benfeitores Espirituais, que se manifestam habitualmente por nosso intermédio, estamos sofrendo na Terra grande conflito, em virtude de nossa própria inadaptação à era tecnológica que nós mesmos, os habitantes do planeta, criamos, sob a inspiração da Vida Mais Alta.
Avançando a Ciência, a passos largos, e identificando-nos de sentimento na retaguarda do progresso intelectual, somos hoje intimados a trabalho mais amplo no aprimoramento íntimo para cogitarmos de manejar o progresso tecnológico com amor e compreensão, no exercício da responsabilidade que nos cabe no respeito uns aos outros.
2. — Qual seria o melhor comportamento da família para com um de seus integrantes que surja em desequilíbrio mental?
Naturalmente que, quando temos conosco no recinto doméstico alguém portando desequilíbrio mental, devemos a esse alguém o máximo de carinho na obra de assistência mais íntima.
Tanto quanto possível, é importante conservar os companheiros portadores de doença mental, no clima da família, evitando, tanto quanto possível, a ausência deles, de vez que na base do tratamento das doenças mentais prevalece o amor — o amor que sempre estabelece prodígios na vida de cada um de nós.
3. — Os Benfeitores Espirituais consideram plenamente aceitável o tratamento dispensado pela Psiquiatria aos doentes mentais que a ela recorrem?
Amigos nossos da Vida Maior, exprimindo-se comumente sobre o assunto, asseveram, que a Psiquiatria, tanto quanto a Psicologia e a Análise, são caminhos da Ciência proporcionados a nós outros na Humanidade para a liberação dos desequilíbrios mentais que se nos apresentem.
Afirmam que o progresso na Psiquiatria, seja na criação de ansiolíticos ou neurolépticos para o alívio ou cura das enfermidades da mente é muito grande e compete-nos prestigiar, no máximo, os domínios da Psiquiatria nesse sentido, embora reconheçam amigos nossos da Espiritualidade, dentre os quais destacamos o nosso benfeitor Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, que a rotulagem das doenças mentais deveria sofrer uma revisão da parte dos senhores médicos e cientistas, neste capítulo da Patologia, porque quase todos os doentes da alma estão lúcidos.
Os irmãos, em desequilíbrio mental, comprovado, demonstram por vezes um teor muito grande de sensibilidade e o tácito conhecimento do diagnóstico, relativamente à moléstia de que são vítimas, pode suscitar fixações no próprio enfermo, inibindo o êxito do processo terapêutico.
Nesse sentido, e considerando a importância do tratamento psiquiátrico, o Dr. Bezerra de Menezes acredita que a Ciência no futuro, com o amparo da Administração Pública, dispensará aos nossos irmãos, que se encontram em segregação carcerária, determinados medicamentos que possam frenar neles os impulsos de agressividade exagerada, amenizando os problemas de contenção e condução dos reeducandos, porventura detidos em nossas penitenciárias, que se expressam por beneméritos hospitais do espírito.
No assunto, não será justo esquecer, no Estado de Goiás, o notável Governador Dom João Manoel de Menezes que estabeleceu a construção de presídios, nas margens do Araguaia — na confluência do Rio Araguaia com o Rio Vermelho e com o Rio Tocantins transferindo para essas regiões centenas de irmãos delinquentes e prisioneiros, compreendendo que o trabalho e a socialização evidenciam profundo coeficiente de poder renovador para os companheiros em Humanidade, que ainda caminham entre as sombras da mente, porque a criminalidade não passa de amarga resultante de trevas no espírito.
4. — Por que razões a esquizofrenia surge na idade infantil ou mesmo depois da puberdade, quando a vida da criatura começa a desabrochar em plenitude de esperança e promessa?
A esquizofrenia, na essência, decorre de transformações de caráter negativo no quimismo da vida cerebral.
Esse problema, no entanto, procede da Vida Espiritual, antes do processo reencarnatório, de vez que o problema da culpa, instalado em nós, por nós mesmos, na experiência terrestre, se transfere conosco, pela desencarnação, no rumo do Mais Além.
Muitas vezes, atravessamos condições de vida purgatorial, no Outro Mundo, mas somos devolvidos à Terra mesmo, aos núcleos habitacionais em que as nossas culpas foram adquiridas, e, frequentemente, carreamos conosco as telas da esquizofrenia.
Quando o processo da esquizofrenização se patenteia violento, eis que as perturbações consequentes se manifestam na criatura em período de desenvolvimento infantil, mas na maioria dos casos a esquizofrenia aparece depois da puberdade ou logo após a maioridade física.
Os Instrutores Espirituais são unânimes em afirmar que esse desequilíbrio decorre de nossos próprios débitos, nas áreas das forças espirituais de que dispomos no campo da própria consciência.
5. — Como entender o martírio de uma criança que nasce mutilada?
O tema relaciona conexões naturais com a questão anterior.
Quando perpetramos determinado delito e instalamos a culpa em nós, engendramos o caos a dentro da própria alma e, regressando à Vida Maior, após a desencarnação, envolvidos na sombra do processo culposo, naturalmente padecemos em nós mesmos os resultados dos próprios atos infelizes. Reconhecendo isso, pedimos ou desejamos intensamente voltar à Terra nas condições que traçamos para nós mesmos.
Se armamos o braço contra alguém e destruímos a vida de alguém, conscientemente, na Vida Maior, muitas vezes, nos sentimos amargurados com aquele segmento de nosso corpo espiritual que se transformou em veículo de nossa própria perda e rogamos permissão às Leis Divinas para renascer, em processos de mutilação correspondentes, quase sempre ao lado daqueles mesmos que se fizeram nossos devedores ou que se transformaram igualmente em benfeitores nossos e que, na Terra, nos auxiliam por amor.
Francisco Cândido Xavier
Emmanuel