1 Você deseja saber
Meu caro Juca Monteiro
O que pensamos no Além
Sobre assuntos de dinheiro.
2 Encontrei muito interesse
Em sua clara consulta
Pois dinheiro, caro amigo,
Tem muita lição oculta.
3 Sabe você: muita gente
Com despeito e palavrão,
Quando se fala em fortuna,
Estende condenação.
4 Mas essa gente da inveja
É sempre estranha e infeliz,
Se vê dinheiro no bolso
Esquece logo o que diz.
5 Quando está na pindaíba
Clama de verbo seguro,
Se melhora de finança
É mão fechada e pão duro.
6 Sabemos que inveja é isto:
A costumeira manobra
De quem grita contra os outros
E quer moeda de sobra.
7 Dinheiro, porém, no fundo,
Expressando compromisso,
Pode ser considerado
Alavanca de serviço.
8 Todo o perigo no assunto
Vem da treva que domina
O coração da pessoa
Ambiciosa e sovina.
9 Dinheiro no esconderijo
Sem proveito e sem ação,
É o que provoca delírio,
Dureza e perturbação.
10 Recorde Tino Pulquério,
Era agarrado na cruz,
Ganhando a herança da esposa,
Não quer saber de Jesus.
11 Quinquim era um médium simples
Num centro em Natividade,
Acertou na loteria,
Negou a mediunidade.
12 Era bom pai, bom esposo,
Liliu da Cacimba Rasa,
Ganhando dinheiro em penca
O moço deixou a casa.
13 Noé comentava a Bíblia,
— Que crença viva em Noé!… —
Casando com moça rica,
O rapaz perdeu a fé.
14 Só falava em Jesus Cristo
Dona Lia Conceição,
Rica por morte de um tio,
Largou a religião.
15 Era bom médium de passes,
Antônio de Dona Alice,
Ao tornar-se fazendeiro,
Fala que passe é tolice.
16 Recorde Joaquim da Mata,
O filho de Nhá Coleta,
Por uma questão de herança,
Arrasou a própria neta.
17 Nunca reprove o dinheiro,
Dinheiro por si encerra,
Sempre que bem conduzido,
A força do Céu na Terra.
18 Desequilíbrio e maldade,
Sombras tristes tais quais são,
Só aparecem no ouro
Escravizado à ambição.
19 A finança que se mostra
No serviço e na bondade,
Faz-se apoio do progresso
E apoio da caridade.
20 A moeda que circula,
Seja entre crentes e ateus,
Naquilo que representa
É sempre bênção de Deus.
Cornélio Pires
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