1 Desculpaste, edificando,
Mas, se a treva e a insensatez
Voltam de novo a ferir-te,
Perdoa e ajuda outra vez.
2 Ouviste em prece os agravos
À doutrina em que mais crês;
No entanto, se há mais ofensa,
Perdoa e ajuda outra vez.
3 Esqueceste duras golpes
Da injúria e da rispidez…
Todavia, se ressurgem,
Perdoa e ajuda outra vez.
4 Viste mãos das mais queridas,
No sonho que se desfez;
Contudo, segue adiante…
Perdoa e ajuda outra vez.
5 Ao lamaçal da calúnia
Em dia algum não te dês.
Bendizendo os detratores,
Perdoa e ajuda outra vez.
6 Se teus pedidos mais justos
Somente encontram surdez,
Esperando sem revolta,
Perdoa e ajuda outra vez.
7 Recolhes por teu sorriso
Gesto rude e descortês?
O tempo tudo transforma;
Perdoa e ajuda outra vez.
8 Se queres guardar contigo
A bênção da intrepidez,
À frente de todo mal,
Perdoa e ajuda outra vez.
9 Injustiçado, não guardes
Nem mágoas e nem porquês;
Trabalhando alegremente,
Perdoa e ajuda outra vez.
10 Se almejas fazer migalha
Do muito que o Mestre fez,
Mesmo entregue à cruz da morte
Perdoa e ajuda outra vez.
Casimiro Cunha
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