1 Afirmas, muita vez, alma querida,
Em fervorosa prece:
— “Quero, Jesus, servir e cooperar contigo!…
Ah! Senhor, se eu pudesse!…”
2 Depois, declaras-te sem forças,
Pensa, entretanto, nisto:
Podes ser hoje mesmo, onde estiveres,
A sublime extensão da bondade de Cristo!…
3 Fita a sobra da mesa que te ampara:
Utilizando um pão, simples embora,
Consegues replantar as flores da alegria
Na penúria que chora.
4 Considera o montão de bens que atiras longe
Sem sentir, sem pensar, inconsequentemente:
Descobrirás nas mãos o privilégio
De estender reconforto a muita gente.
5 Lembra a moeda, tida por singela:
Escorada na fé que te bendiz,
Transforma-se na xícara de leite
Que socorre e refaz a criança infeliz.
6 Detém-te nos minutos disponíveis:
Ao teu devotamento se farão
A visita, a bondade, o carinho e consolo
Para o enfermo largado à solidão.
7 Trazes contigo os dotes da brandura:
Ante os golpes do ódio explosivo e violento,
Guardas a faculdade de extinguir
O fogo da revolta e o fel do sofrimento.
8 Observa o tesouro da palavra:
Se envolvida de paz a tua frase alcança
Todo aquele que cai na sombra da tristeza
Para erguer-se de novo ao toque da esperança.
9 Não te digas inútil, nem te omitas…
A trabalhar, servir, amparar, recompor
Serás, alma querida, em qualquer parte,
A presença de Cristo em teu gesto de amor.
Maria Dolores
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