1 Lembro-te, sábio amigo!… A cultura te afaga…
Falas em teus salões… Ouvintes às centenas…
Mas dos vasos de rosas e açucenas,
O perfume sutil em ondas se propaga…
2 Revejo-te a cautela, as mãos pequenas…
Ouço-te as preleções em que a fé se te apaga…
Noto homens cruéis, cujo porte me esmaga,
Que te compram, sorrindo, as jovens que envenenas.
3 Muda-te a morte o rumo… Estás entre os doentes,
Flagelam-te remorsos comburentes…
Suplicas o retorno à vida transitória…
4 Renasces… E a servir, no século que avança,
Plantas obras de amor e parques de esperança,
Voltando, hoje, ao Além, num carro de vitória!…
Epiphanio Leite
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