1 — “Caridade! Dom Júlio! Um pão dormido,
Tenho fome e este frio me enregela!…”
— “Nada tenho a doar para a favela,
Caridade é palavra sem sentido!…”
2 Assim falou Dom Júlio Barbarela,
Mostrando coração empedernido…
Odiava escutar qualquer pedido,
No ouro e no egoísmo se encastela…
3 Já velho, viu a Morte… Espantadiço,
Clamou: — “Darei meu ouro e meu serviço!…
Morte, somente peço dias calmos!…”
4 Mas, disse a Morte: — “Estás em despedida,
Das terras que tiveste em toda a vida,
Terás agora apenas sete palmos!…”
Valentim Magalhães
|