“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra…” — JESUS (Mateus, 10.34)
1 “Não vim trazer a paz, mas a espada” — disse-nos o Senhor.
2 E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para estender a sombra e a perturbação.
3 Valendo-se-lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não se desmandam em discussões e conflitos, polemizando sem proveito ou acusando indebitamente a todos aqueles que lhes não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.
4 O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.
5 A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde estendesse as garras destruidoras.
6 Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltada para o seio da Terra, representa a cruz em que Ele mesmo prestou o testemunho supremo do sacrifício e da morte pelo bem de todos.
7 É por isso que o Seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendam ferir ou guerrear em Seu nome.
8 A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.
9 Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia, o perdão espontâneo flui-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir bênção por maldição, luz por treva, bem por mal.
10 Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio “eu”, em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade, consumindo-os ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de conduzir-nos ao império definitivo da Grande Luz.
Emmanuel