1 Meu amigo:
À maneira dos velhos peregrinos que jornadeiam sem repouso, busco-te os ouvidos pelas portas do coração.
2 Senta-te aqui por um momento.
Somos poucos junto à árvore seivosa da amizade perfeita.
3 Muitos passaram traçando-te o caminho…
Visitaram-te muitos outros, compelindo-te a dobrar os joelhos perante o Céu…
4 Não te imponho um figurino para atitudes exteriores.
Ofereço-te o lume da experiência.
5 Não te aponto normas para a contemplação das estrelas.
Rogo vejas no firmamento a presença divina da Divina Bondade.
6 Trago-te apenas as histórias simples e humildes, que ouvi de outros viajores.
Recebe-as, elas são nossas.
7 Guardam o sorriso dos que ensinam no templo do amor e as lágrimas dos que aprendem na escola do sofrimento.
8 Assemelham-se a flores pobres entretecidas de júbilo e pranto, dor e bênção, que deponho em tua alma para a viagem do mundo.
9 Acolhe-as com tolerância e benevolência! Dir-te-ão todas elas que, além da morte, floresce a vida, tanto quanto da noite ressurge o esplendor solar, e que se há flagelação e desespero, ante o infortúnio dos homens, fulgem, sempre puras e renovadas, a esperança e a alegria, ante a glória de Deus.
Irmão X
(Humberto de Campos)
Pedro Leopoldo, 30 de outubro de 1957.