O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Caderno de mensagens — Autores diversos


67

Luz nas trevas n

Emmanuel, através do Chico, escreve a um amigo tradutor de documentários kardequianos

Pedro Leopoldo, 21 de setembro de 1958.


Meu amigo.

Louvado seja o Senhor!

1 A luz do sol chega naturalmente diluída no bojo das furnas abismais. Forças numerosas, adstritas à natureza, compelem-na a diversas alterações, mas é ainda luz — recurso nutriente da vida.

2 A inspiração aqui flui das Esferas Superiores, inabordáveis à nossa apreciação individual, embora o filtro na base obscura da pirâmide sejamos nós, humildes escravos dos servos que atendem aos grandes servidores dos Divinos Instrumentos.

3 Identificando, assim, a nossa posição menos que menor, reverenciamos o Vértice Divino, que não nos é permitido contemplar.

4 Lembremo-nos que logo depois da partida do Codificador Allan Kardec envolveu-se o mundo em sombras densas.

5 Desde 1870, a Humanidade quase que não conheceu na governança política dos povos senão a guerra por estado natural. Guerra de povos, de raças, de partidos, de princípios, de bandeiras religiosas, econômicas, filosóficas e sociais…

6 Guerra que, por monstro de garras imperceptíveis, varre o Planeta, em todos os continentes…

7 E estejamos convictos de que nos encontramos ainda distantes do apaziguamento capaz de favorecer as sementeiras definitivas do Cristianismo Regenerador.

8 O Espiritismo — alma da renovação religiosa e, portanto, moral dos homens — é, por isso, um tesouro de luz sobre mar encapelado, cujas peças sublimes permanecem à espera de porto seguro, em várias embarcações, tanto quanto as demais embarcações terrestres, ameaçadas agora de violência e soçobro.

9 Os cem anos que celebramos em 1957, com a profunda e enternecedora alegria de quem vê, com a Bênção Divina, o nascimento da Nova Revelação, assinalam período muito estreito de tempo para a configuração decisiva de uma Doutrina que encerra os germes da Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria, no plano da Comunidade Universal; tempo esse que, além de extremamente singelo, se caracteriza pela feição tumultuária na qual se mergulham atualmente os filhos da Terra.

10 Não admita, pois, meu amigo, que as colunas históricas dos alicerces espíritas tenham vindo parar em suas mãos sem a sanção dos Excelsos Desígnios.

11 Vinculado ao Apóstolo da Codificação, conserve amorosamente o legado, com a preocupação de preservá-lo e distribuí-lo, defendendo-lhe a integridade e doseando-lhe a administração ao espírito popular, à feição de um membro da família humana, responsável por sagrado depósito dos ancestrais, com o dever de transmiti-lo com carinho e dignidade aos descendentes credenciados a indicar-lhe, por enquanto, outros abrigos para a sublime herança, que não seja o seu coração de discípulo fiel, por que o mundo ainda conhecerá vasto incêndio de paixão e de dor, necessário à purificação dos novos caminhos.

12 A hora ainda é de aflitiva tormenta e quando a tempestade desarticula os horizontes, a nossa vigilância no leme deve aguardar as determinações do Comando Divino que opera nos recessos da natureza.

13 Assim sendo, somos de parecer imponha a si mesmo, com a proteção do Senhor, a disciplina necessária, oferecendo, se possível, duas horas por dia ao trabalho de tradução paciente e cópia leal dos documentários, a partir por ordem de produção, — ordem por ano de serviço — organizando, as atividades precisas com a cooperação profissional de alguém que não possa banhar os escritos em vibrações de sensacionalismo e cupidez, a fim de que o futuro encontre o documentário habilitado a produzir seus frutos, incluindo não apenas o trabalho apostólico de Allan Kardec, mas também o esforço dos pioneiros.

14 Quinzenalmente, se possível, receberá auxílio para escrever suas próprias impressões em forma de notas, apontamentos, observações ou crônicas do movimento espírita em seus primórdios, que publicará ou não, mas que se articularão por tijolos de luz, endereçados às edificações do porvir. A equipe dos Mensageiros Espirituais que o assistem alega, por nosso intermédio, que duas horas diárias de consagração ao arquivo e anotações quinzenais não representam demasiada exigência para a sua saúde física e psíquica. 15 Quanto à solidão e à incompreensão, recordemos a tempestade. Quando a procela risca o firmamento, raros homens meditam no amanhã. É preciso compreender e atender, servir e passar. Não lhe faltarão possibilidades. Reanime-se e trabalhemos. Quando o trabalho avançar, voltaremos a novo entendimento. Que o Senhor nos abençoe.


Emmanuel



[1] Nós acreditamos que esta missiva, embora a ausência do nome do destinatário, haja sido enviada ao confrade Canuto de Abreu. Confira o link: https://espirito.org.br/autonomia/psicografia-emmanuel/. O original datilografado dessa correspondência encontra-se sob a custódia do Dr. Eurípedes Higino, filho adotivo do Chico.


Abrir