A Manuel Quintão que introduziu Chico Xavier nas páginas de Reformador e prefaciou o primeiro de seus muitos livros
Em março de 1927, o nome M. Quintão apareceu pela primeira vez como redator-chefe do Reformador. Era assim que sempre aparecia o nome de Manuel Justiniano de Freitas Quintão — com o primeiro nome abreviado. Em maio daquele ano, uma das irmãs de Chico Xavier foi acometida de terrível obsessão, levando, indiretamente, o então católico Chico Xavier a tomar contato com a Doutrina Espírita pela primeira vez. O dia 8 de julho de 1927 é a data até hoje celebrada em função de Chico Xavier ter psicografado a sua primeira mensagem. Já em agosto daquele ano o médium começaria a receber uma série de poesias de grandes poetas desencarnados, que seriam incluídas em sua primeira obra, o Parnaso de Além-Túmulo, publicado pela Federação Espírita Brasileira, em 1932.
Manuel Quintão não conhecia Chico Xavier. Mas atento militante da Federação Espírita Brasileira não deixou de perceber quando, a partir de 1928, começaram a ser publicadas no jornal espírita Aurora, e em colunas espíritas de jornais leigos, mensagens assinadas por F. Xavier, que, àquela época, era um total desconhecido fora da sua cidade natal, Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.
Em 1930, quando começaram a aparecer as primeiras mensagens de Chico Xavier no Reformador — ainda com a assinatura F. Xavier — Manuel Quintão era o diretor dessa publicação.
No mês de fevereiro desse ano, quando Manuel Quintão publicou a primeira mensagem de Chico Xavier no Reformador (“Os felizes”), Chico publicou a mensagem “Imortalidade” no jornal Aurora, dedicada a ele.
Em 1932, quando Chico Xavier publicou o seu primeiro livro, o Parnaso de Além-Túmulo, quem prefaciou a obra foi Manuel Quintão.
E quando apenas o jornalista Clementino de Alencar havia publicado uma série de matérias sobre Chico Xavier, Manuel Quintão foi a Pedro Leopoldo e escreveu o livro Romaria da Graça, que foi editado pela Federação Espírita Brasileira, em 1939. Acreditamos ser esse o primeiro livro a tratar da vida de Chico Xavier.
Manuel Quintão e Chico Xavier foram amigos e trocaram correspondências por longos anos. Parece-nos que Quintão foi o continuador do trabalho que anteriormente havia sido realizado por José Hermínio Perácio e D. Carmen Pena Perácio. Assumiu Manuel Quintão a qualidade de mentor encarnado de Chico Xavier. Nessa correspondência, Chico, um médium ainda em formação, expunha suas dúvidas em torno da sua mediunidade.
Quintão se acercou de figuras de destaque do meio espírita, que eram especialistas em literatura, para se certificar de que o trabalho era realmente mediúnico. Foi ele, ainda, um grande incentivador do trabalho de Chico Xavier, ora pedindo uma mensagem para publicar no Reformador, ora opinando que as mensagens não deveriam ser publicadas em jornais, mas sim em livros. Esse vínculo forte tinha razão de ser, pois remontava aos fortes laços de afeto de vidas passadas.
Nesta vida, seus familiares trataram de solidificar ainda mais esse laço quando o filho de Manuel Quintão, Pedro Quintão, casou-se com Geralda Xavier, irmã de Chico.
Manuel Quintão foi jornalista, escritor, médium e grande divulgador da Doutrina Espírita, tendo publicado seus textos em diversos jornais. Ingressou na Federação Espírita Brasileira em 1903, da qual foi presidente em 1915, 1918, 1919 e 1929, integrando o seu quadro social por 44 anos.
João Marcos Weguelin
Organizador