1 Quando tiveres de anotar o comportamento dos irmãos reeducandos em retiros carcerários, deixa que a compaixão se te instale no espírito antes que a palavra te configure as considerações. 2 Presídios são escolas-hospitais dignas de apreço. Irmãos internados nesses educandários se erigem à posição de enfermos em tratamento espiritual.
3 Magistrados desempenham a função de especialistas cominando preceitos penalógicos à feição de recursos curativos para a supressão de desequilíbrios determinados. 4 E, de nossa parte, devemos ser os irmãos compreensivos de quantos se vejam na condição de doentes da alma, integrando com eles a grande família humana.
5 Somos todos Espíritos imortais, companheiros da mesma caminhada evolutiva. De que maneira condenar os semelhantes se não dispomos de meios para analisar-lhes o sofrimento, quando o sofrimento lhes extravasa do ser em forma de ignorância e doença, obsessão e criminalidade?
6 Que espécie de dor terá erguido o braço daqueles que promoveram a destruição do próprio corpo? Quem terá impulsionado a mão do homicida contra aqueles que lhe experimentaram os golpes?
7 Quantos dias de resistência gastaram os corações queridos, mas ainda inseguros, até que se emaranhassem nas trevas da tentação?
8 Que forças invisíveis na Terra induziram ao enfraquecimento e ao desânimo almas belas e cultas, quando desertaram dos compromissos que elas próprias criaram na causa do bem? 9 E qual teria sido o nosso comportamento se houvéssemos faceado as inquietações e os problemas em que os nossos semelhantes considerados em erro se matricularam em rudes provas?
10 Meditemos nessas indagações, já que não nos é dado conhecer os dramas da sombra desde o princípio, a fim de que não venhamos a intensificar os obstáculos de quantos se reajustam, muitas vezes, à custa de tribulações e de lágrimas.
11 Entendemos a legitimidade dos tribunais humanos e todos somos chamados a respeitar-lhes as determinações. Entretanto, nas trilhas do relacionamento mútuo, situemo-nos todos — todos nós, os Espíritos ainda vinculados à evolução terrestre — ao esquema das consciências endividadas ante os foros da Divina Justiça. 12 E longe de agravar as aflições dos nossos irmãos sob assistência carcerária auxiliemo-los na reabilitação das próprias forças, rogando à Misericórdia Divina para que se compadeça de todos nós. n
Emmanuel
Reformador — Fevereiro de 1977.
[1] Consta do original que a mensagem foi recebida na noite de 07/11/1975, em reunião pública do Grupo Espirita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais, e que foi transcrita do Unificação, órgão oficial de comunicação da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo (USE), edição de janeiro de 1976, página 7.