1 Ouço o choro do lar, no adeus, enquanto fito
O jasmineiro em flor que me acena à janela…
E além, no mais além, a noite clara e bela
Recamando de prata os orbes do Infinito…
2 Pressinto a morte, o fim… Mas, debalde, me excito.
O corpo desatende e, aos poucos, se enregela;
Sofro, no extremo instante, a indômita procela
De anseio, sombra e dor no peito inerme e aflito.
3 Ergo-me. Torno à luz. E encontro, às despedidas,
Antigas afeições que supunha esquecidas…
E pensava, por fim, nem de leve entrevê-las!…
4 O amor transpõe o abismo, a vida se renova.
E parto jubiloso, ao término da prova,
Em busca de outro lar na floresta de estrelas. n
A. Amaral
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