1 Em casa, a lâmpada acesa,
Singela e despercebida,
Constitui lição patente
Das mais nobres que há na vida.
2 Contra a noite escura e espessa,
Que se espalha e reproduz,
Envolve-se de energia,
Resplandece e traz a luz.
3 Seu trabalho é grande e simples,
Difundindo o sol do bem.
Não discute, não pergunta,
Dá sempre, não olha a quem.
4 Ilumina o gabinete
De pesquisa ou de leitura,
Como aclara a agulha humilde
Da máquina, de costura.
5 Envolve com a mesma luz
A velhice, a enfermidade,
A infância, a alegria, a dor,
E os sonhos da mocidade.
6 Há tumultos, há prazeres?
Amarguras, agonia?
Se não sofre violência,
Eis que a lâmpada irradia.
7 Serena, silenciosa,
Não se aflige, não consulta,
Nada pede, além da força
Que lhe vem da usina oculta.
8 Revela todo detalhe,
Sem contendas, sem perigo.
A sua demonstração
É o foco que traz consigo.
9 Não exige condições
Por servir e iluminar,
E define seu ruído
Cada cousa em seu lugar.
10 Pensemos em nossa glória
Quando formos, irmãos meus,
Como lâmpadas do Cristo
Na usina do amor de Deus.
Casimiro Cunha
|