1 Dos serviços da cozinha,
Onde há sempre grande escola,
Lembremos o ensinamento
Da obscura caçarola.
2 Ao receber substância
Indispensável à mesa,
Requisita vigilância
No que concerne à limpeza.
3 Utilizada em serviço,
Embora pobre e singela,
Pede todos os desvelos
Das mãos que se servem dela.
4 Por limpá-la, muitas vezes
É justa a grande atenção;
Largos banhos d’água pura,
Doses fortes de sabão.
5 Se não bastam tais processos,
Um esforço mais ativo:
Recursos d’água fervente
Misturada a corrosivo.
6 De outra forma é descuidar
Da pureza do alimento,
Entregar o pão do corpo
Ao lixo e ao relaxamento.
7 A erva mais saborosa,
O leite nevado e puro,
Na panela descuidada
São cousas para o monturo.
8 Caçarola maltratada,
Sem o concurso do asseio,
Faz o pão envenenado,
Escuro, amargoso e feio.
9 Vendo o quadro, não te esqueças
Que os nobres ensinamentos
São substâncias que nutrem
A fonte dos pensamentos.
10 Receber lições divinas
Sem limpar o coração,
É transformar dons de vida
Em sombras de confusão.
Casimiro Cunha
|