1 Um tronco frondoso e verde
Erguia-se além da fonte.
Perto, o solo pobre e seco,
Longe, as luzes do horizonte.
2 Certo dia, disse a fonte:
— Dá-me a sombra de teu galho,
O duro chão me consome,
Dá-me teu brando agasalho!…
3 Respondeu-lhe o tronco antigo:
— Vem a mim! Serei feliz!…
Serás a seiva da seiva
Que me alimenta a raiz.
4 Desde então, o tronco e a fonte
Uniram-se a plena luz
Da grandeza que dimana
Da bondade de Jesus.
5 O tronco reconheceu,
Vibrando de terno amor,
Que a fonte era a mãe bondosa
De sua seiva interior.
6 E a fonte viu nele o pai
De sua imensa alegria,
Repousando em sua paz
Nas lutas de cada dia.
7 Desde então, cantaram hinos
De hosanas ao Criador,
Entre frutos dadivosos,
Na estrada cheirando à flor.
8 À raiz, a água da vida
Levava consolação;
E o tronco elevou-se ao Céu
Com a fonte no coração.
9 Houve sol e sombra amiga,
Flor e frutos na ramagem;
Cantigas de passarinho,
Harmonizando a paisagem.
10 Duas almas que se irmanam
Na luz dos afetos seus,
São esse tronco e essa fonte
Guardados no amor de Deus.
Casimiro Cunha
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