1 Pelo bem da roupa limpa
Não se esqueça a criatura
Dos serviços que custou
O esforço da lavadura.
2 Raramente se recorda,
Na tarefa rotineira,
O trabalho, o sacrifício
Do campo da lavadeira.
3 Porque; em verdade, a tarefa
Inclui disciplina e dores,
Não se lava roupa suja
Usando perfume e flores.
4 Por limpar-se no caminho
Necessário à experiência,
Não foge à imersão completa
Nas águas da Providência.
5 Não dispensa o gosto amargo
Do concurso do sabão,
Alijando-se a bagagem
De sujidade ou carvão.
6 Passado o atrito da esfrega,
Que impõe cansaço e aspereza,
Transporta-se ao coradouro,
Apurando-se a limpeza.
7 Depois, é a volta bendita
À água cariciosa,
Que atende à saúde humana,
Com bênçãos de mãe bondosa.
8 Qualquer recurso ao lavar,
Com sabão ou corrosivo,
Requisita paciência,
Vigilância e esforço ativo.
9 O serviço dessa ordem
Faz lembrar ao pensamento
A lavadura precisa
Às roupas do sentimento.
10 Vivamos tranquilamente,
Sem olvidar, entretanto,
Que nossa alma necessita
Lavar-se em suor e pranto.
Casimiro Cunha
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