1 Pleno campo, céu de anil,
Que o sol dourado ilumina,
A primavera traz flores
De fragrância peregrina.
2 Em tudo palpita o belo
Na sublime transcendência,
Das dádivas generosas
Da Divina Providência.
3 Os bois, n porém, desconhecem
Se há mistérios da beleza
E gastam no atrito longo
As forças da Natureza.
4 Acende-se a luta enorme,
Chifradas, golpes violentos,
Ruído ensurdecedor,
Pêlos rotos, pés sangrentos.
5 Há flores espatifadas
Nos caminhos da abundância,
É cegueira, dor e morte
Em males da ignorância.
6 Mas, um dia, o lavrador,
Notando a exigência ativa,
Vendo a zona perturbada,
Traz a canga educativa.
7 Os brigões acham de novo
A paz, a harmonia, o bem.
O sofrimento em conjunto
É o campo que lhes convém.
8 Toleram-se mutuamente
Sem rixas nem desatinos,
E aprendem a trabalhar
Sem desprezo aos dons divinos.
9 Muita vez também, no mundo,
Parentesco e obrigação,
São recursos necessários
Às luzes da educação.
10 Amigo, se estás na canga
De lutas indefinidas,
Não fujas, atende a Deus,
Cura os males de outras vidas.
Casimiro Cunha
[1] No original: “Os bons”
|