1 Nem todos identificam,
No curso de todo o dia,
A lição maravilhosa
Que vem da carpintaria.
2 Madeira escura e selvagem,
Do seio da natureza,
Vem de longe por buscar
A forma e a delicadeza.
3 Ao rumor do maquinismo
Que se agrupa na oficina,
O artífice representa
A Inteligência Divina.
4 A serra corta vibrando,
A enxó elimina a aresta,
O torno canta a harmonia,
Tudo em júbilos de festa.
5 O esforço de seleção
Efetua-se a capricho;
Sujidades, excrescências,
São matérias para o lixo.
6 A simples madeira bruta,
Na grande transformação,
Brilha agora na obra prima
De serviço e perfeição.
7 Todavia, para isto,
As peças e os elementos
Submeteram-se humildes
À pressão dos instrumentos.
8 Assim também a alma humana,
Na oficina da existência,
Precisa submeter-se
Às plainas da experiência.
9 Recordemos, sobretudo,
Com humildade e com fé,
O Divino Carpinteiro
Que passou por Nazaré.
10 Busquemo-Lo nos caminhos,
E atende, meu caro irmão:
Se queres a Luz da Vida
Entrega-lhe o coração.
Casimiro Cunha
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