1 Nos movimentos da agulha,
Nas tarefas do tear,
O fio é muito importante
Na base de todo lar.
2 Pouca gente lhe observa
Os valores, vida em fora;
Na verdade, é companheiro
Nas lutas de cada hora.
3 Humilde, tênue, singelo,
Às vezes quase impalpável,
Para o pobre, para o rico,
É matéria indispensável.
4 Existe em padrões diversos,
No algodão, em seda, em lã,
E entre as dádivas do mundo
É sublime talismã.
5 É bênção do amor de Deus,
Que acompanha a criatura
Nos campos do mundo inteiro,
Desde o berço à sepultura.
6 Entretanto, é alguma cousa
Muito frágil, muito leve,
Cuja trama delicada
Nosso lápis não descreve.
7 Por ele, milhões de seres,
No espírito do trabalho,
Encontram caminho e vida,
Luz e paz, força e agasalho.
8 Olha o fio pobre e simples!
Que lição útil e bela!…
É tesouro do caminho,
Mas parece bagatela.
9 Observando-o, recordo
As glórias e fins supremos,
Do tempo que é luz divina,
Neste instante que vivemos.
10 O segundo é gota humilde,
O século é vasto rio…
Vive em Deus cada momento
Que o minuto é nosso fio.
Casimiro Cunha
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