1 O relógio é o grande amigo
Na vida da criatura;
Acompanha-lhe a viagem
Desde o berço à sepultura.
2 Metódico, dedicado,
Movimentando os ponteiros,
Marca os risos infantis
E os gemidos derradeiros.
3 Revela oportunidades,
Mostra a bênção do minuto,
Indica, tempo à semente,
Como indica tempo ao fruto.
4 Mas de todos os relógios
Que atendem cheios de amor,
É justo salientar
O amigo despertador.
5 Quando alguém dorme ao cansaço,
Ele vibra, ajuda e vela,
Ritmando o tique-taque,
Tem cousas de sentinela.
6 Na hora esperada e justa,
Pontual, invariável,
Chama à luta o companheiro
Em bulha desagradável.
7 O seu barulho interrompe
O repouso desejado,
Acorda-se, quase à força,
Levanta-se estremunhado.
8 Mas, somente ao seu apelo,
Há lembrança dos serviços,
Buscando-se incontinenti
A zona dos compromissos.
9 Assim, na vida comum,
Nas lutas de redenção,
Todo o tempo é precioso
Em qualquer situação.
10 Mas o tempo que nos fere,
Em provas, serviço e dor,
É o melhor de todos eles,
É o nosso despertador.
Casimiro Cunha
FIM
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