1 O dia vem longe ainda,
Fulgura o brilho estelar…
Mas nos campos da fazenda
É hora de trabalhar.
2 O dever chama aos serviços
Da luta risonha e sã,
Na divina voz das aves
Que cantam pela manhã.
3 A tarefa atinge a todos
Nos roçados, no paiol,
Tudo expressa movimento
Precedendo a luz do sol.
4 Ali, corta-se, acolá
Dispõe-se de novo a leira,
Aqui, combate-se os vermes
Que atacam a sementeira.
5 Ninguém para. Todos lutam.
Há cantares da moenda,
Contando a história do açúcar
Nos caminhos da fazenda.
6 Entretanto, se o programa
É repouso, calma e sono,
Em breve, a propriedade
Vive em trevas do abandono.
7 Serpentes invadem campos,
Há cipó destruidor,
O mato chega às janelas,
Procurando o lavrador.
8 Enquanto a enxada descansa
Esquecida e enferrujada,
A casa desprotegida
Prossegue na derrocada.
9 Quem não vê na experiência
Tão simples, tão conhecida,
A zona particular
Nos quadros da própria vida?
10 Rico ou pobre, fraco ou forte,
Não te entregues à inação,
Que a vida é a fazenda augusta
Guardada na tua mão.
Casimiro Cunha
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