1 Peregrino da sombra enfermo e triste,
— Farrapo escuro de sinistros ventos —
Que passas, entre os homens desatentos
Chorando a mágoa estranha que te assiste…
2 Embora esteja a dor por lança em riste
Vigiando-te as mãos e os pés sangrentos,
Segue, louvando os teus padecimentos,
No espinheiral da encosta a que subiste!…
3 Não te pese a aflição torva e escarninha,
Clama, geme, soluça, mas caminha
Na armadura de pranto em que te encerras!
4 E quando a luz beijar-te sobre o monte,
Contemplarás os sois de outro horizonte
E a beleza sublime de outras terras!…
João Coutinho
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