1 Perdoa a mágoa hostil que te consome,
Porque, no centro dalma dolorida,
Há de travar-se, com rigor sem nome,
A batalha que aflige mais que a fome,
Pela sublimação da própria vida.
2 Enquanto vociferas quanto esgrimes,
Contra todos, supondo-te o mais forte,
Desprezarás teus próprios dons sublimes,
Multiplicando as lágrimas e os crimes
Que te prendem aos pântanos da morte.
3 Foge aos golpes escuros do conflito,
Não te faças rebelde, triste e louco;
Ao redor de teus sonhos no Infinito.
Há sempre um mundo amargurado e aflito,
Melhorando e subindo, pouco a pouco.
4 Não dueles morrendo, em vão, lá fora…
Trabalha, valoroso, dia a dia,
Aceitando o aguilhão que te aprimora
E acendendo, em ti mesmo, a nova aurora
Da verdade, de amor e da harmonia!
5 Transforma em luz a fé que te domina,
Ensinando e servindo, sem alarde,
Porque amanhã, chorando o corpo em ruína,
Procurarás, debalde, a luz divina,
Suplicando e gemendo muito tarde.
Carmen Cinira
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