1 Esperanto — mensageiro
De encantados tempos novos
Erguerá nações e povos
Do campo de lodo e pó.
Da Harmonia timoneiro,
Que os portos da paz descerra,
Libertará toda a Terra,
Na glória de um mundo só!
2 Vemo-lo já, no futuro,
Fulgente, impávido e forte,
— Luz fraterna em sendas mil!
Chave de amor santo e puro,
Abrirá caminhos grandes,
Do altivo Himalaia aos Andes,
Da Cochinchina ao Brasil.
3 Nessa eminência sublime
Do mundo regenerado,
Não haverá Jove irado,
Cujos carros fugirão;
Nem purpúreos paramentos
Bebendo em festins sangrentos,
Nem purpúreos paramentos
De senhores da ilusão.
4 Seus luzidos estandartes
Brilharão no mundo inteiro,
Abolindo o cativeiro
A que a maldade conduz;
Convertendo os Bonapartes
Em benfeitores amados,
De canhões — forjando arados,
De balas — penas de luz!
5 Hífen de sol, religando
Os Templos da Humanidade,
Da grande fraternidade
Fazendo virtude e lei;
Orgulho triste e nefando,
Que torvas guerras produzes,
Espadas, fuzis, obuses,
Mentiras, trevas — tremei.
6 Na Terra inda há sombra inglória
Da noite do mundo velho,
Embora seja o Evangelho
O Amor que do Alto reluz!
No limiar da vitória
Das verdades do Infinito,
Esperanto! sê bendito
Ao doce olhar de Jesus!
Castro Alves
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