1 Dinheiro que chega em paz,
Que as leis do bem não transgrida,
É sempre bênção de Deus
No passo de nossa vida.
2 Se não é posto em capricho
Nem vive parado em vão,
É sangue para o trabalho,
Apoio da educação.
3 Além disso pode ser,
Nas lides da toda idade,
O doador da esperança
E a base da caridade.
4 Dinheiro do amor fraterno,
Luz e consolo a caminho,
Amparo do coração Que segue triste e sozinho…
5 Dinheiro, porém, na tranca,
Inútil, conosco, a sós,
Dinheiro desempregado
Costuma fugir de nós.
6 Confirmando o que observo,
Na presunção de estudar,
Registro a pequena história
Que peço para contar:
7 Grande sovina o velho Nico Frota,
Para seguir na prática da usura,
Só comia mingau com rapadura
E morava no mato da Marmota.
8 Dormia num colchão de palha e nota.
Mas chorava: “Ah! Meu Deus, a vida é dura!…
Se eu não andasse preso na pendura,
Não vivia sofrendo aqui na grota!…”
9 Certa noite, Nhô Nico, à luz de vela,
Recontava o tesouro na gamela,
Quando o fogo caiu na papelada…
Ele debalde corre, grita e clama!…
Num momento, contudo, a dinheirama
Era só labaredas, cinza e nada…
Cornélio Pires
|