O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Caravana de amor — Familiares diversos


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Enfermidade e resgate

Renatinho, inteligente e forte garoto de 10 anos, apresentou, repentinamente, sinais de grave enfermidade no cérebro. Após vários exames especializados, os médicos chegaram à conclusão de que se tratava de tumor, e a única esperança de cura fundamentava-se numa cirurgia.

Os pais, naturalmente, de início, titubearam diante da decisão: concordar ou não com a programada operação. Mas, consultas a outros especialistas deram-lhes força para autorizarem a cirurgia.

Realizada a delicada intervenção, o pós-operatório não evoluiu bem. Renatinho permaneceu em coma por cinco dias, até a sua desencarnação, em 5 de outubro de 1980.

Como agravante da perda do filho querido, o casal passou a cultivar um doloroso sentimento de culpa por ter autorizado a cirurgia, que só foi desfeito após o recebimento de notícias do próprio Renatinho, Espírito, conforme nos relatou o casal, neste trecho de atenciosa carta:

“Ficou em nós um sentimento de culpa por termos autorizado a cirurgia. Fizemos bem ou não? Ficamos quase enlouquecidos. É por isso que ele escreveu esta frase: “Peço ao papai Luiz não se impressionar, como se fosse ele o autor da decisão da medicina”. A carta de Renato nos deu muito conforto, porque tivemos a confirmação de que nosso filho continua vivo no Plano Espiritual.”


Outro ponto relevante da Primeira Carta do garotinho foi a explicação de sua enfermidade, com base na Lei de Causa e Efeito ou Cármica, dizendo claramente, com base em informações de seus avós, que resgatou uma dívida de existência anterior.

A seguir, suas consoladoras palavras:


PRIMEIRA CARTA n


1 Querida mãezinha Daisy e querido papai Luiz, n abençoem-me.

2 Sou trazido pelo meu avô Ponciano n para reafirmar-lhe que estou melhorando.

3 Não quero vê-los amargurados como se me houvessem perdido. Tudo aconteceu conforme as determinações de Deus.

4 Mãezinha, lembre-se de quando você me ensinava a fitar o retrato de Jesus n e me pedia repetir o nome santo. 5 Não poderemos esquecer as nossas orações de mãos postas. n Desde o tratamento difícil refletia em Jesus, e na vontade de Jesus.

6 Peço ao papai Luiz não se impressionar, como se fosse ele o autor da decisão da medicina. Quem nos obrigou a aceitar as providências em que nos envolvemos foi a minha doença que estou aprendendo aqui, com o vovô Luiz n e com o vovô Ponciano, a receber como sendo a minha dívida. 7 Por enquanto não sei onde a fiz, mas muita gente perde a memória para recuperá-la depois, e devo ser uma dessas pessoas que não se recordam de muitos acontecimentos que estão trancados na retaguarda.

8 Peço dizerem à nossa Tati n que não morri e que espero aprender muito do que vejo em nosso campo de moradia, a fim de auxiliá-la mais tarde.

9 Querida mamãe Daisy e querido papai Luiz, chegou o momento de traçar o ponto final.

10 O avô Ponciano me convida a encerrar esta carta de saudades e é com muito amor que os revejo ao meu lado e que lhes posso repetir aqui nesta folha de papel que sou o filho que os ama cada vez mais,


Renatinho

Renato Rodrigues.   


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, a 23/10/1981.

2 — Mãezinha Daisy e papai Luiz — Daisy Ramos Rodrigues e Luiz Rodrigues, seus pais, residentes em São Paulo, Capital.

3 — avô Ponciano — Ponciano Cláudio, bisavô, desencarnado em 1968.

4 — Mãezinha, lembre-se de quando você me ensinava a fitar o retrato de Jesus — “Dois dias antes da cirurgia, meu filho pediu-me para levá-lo à igreja, pois ele queria acender uma lamparina para Jesus e N. Senhora Aparecida. Levei-o e ao sair disse-me sentir aliviado com a oração.” (Informação de D. Daisy, em sua carta).

5 — Não poderemos esquecer as nossas orações de mãos postas. — “Depois de seu falecimento sentia-me revoltada e sem fé. Creio que por isso ele menciona que não devemos esquecer nossas orações.”, esclareceu-nos D. Daisy.

6 — vovô Luiz — Luiz Ramos, bisavô desencarnado.

7 — Tati — Tatiana Rodrigues, irmã.


SEGUNDA CARTA n


“Observando o corpo diferente, mas igual ao que usara no mundo físico, fiz várias perguntas à minha avó que passou a me transmitir as informações necessárias.”


1 Querida mãezinha Daisy, associo meu pai ao pedido de bênção que lhe endereço.

2 Tenho recebido os seus apelos. Queria alguma notícia, alguma informação acerca do Renato… Ouço-a a dizer e a redizer isso muitas vezes. n

3 Mãezinha Daisy, minha anotação melhor é a de que a dor alucinante na cabeça passou por completo. 4 Para mim não foi tão fácil desvencilhar-me da casa e dos entes queridos.

5 Sofria muito no corpo; entretanto, a ideia da morte não quadrava com qualquer desejo, no sentido de alcançar as melhoras precisas.  6 Compreendia o trabalho que lhes dei, com aquele mundo de indagações sobre exames e instruções para que meu cérebro se descartasse do mal que me oprimia. Os dias e as noites para nós eram muito longas, como são longas as expectativas dos desesperados…

7 Gradativamente, um grande cansaço me tomou todas as forças. Sem querer, aceitei a ideia da libertação do corpo fustigado de dores.  8 E me lembro claramente da neblina que se fez sobre mim, a ponto de enxergar pessoas e cousas com grande dificuldade. 9 Em dado momento, um rosto sorridente emergia daquela névoa grossa e ouvi a voz de alguém, induzindo-me a erguer-me. Entretanto, não me seria fácil, pensar nisso. 10 A minha prostração era absoluta, mas aquela face maternal me falava com tamanho vigor de fé que me esforcei, de leve, e levantei-me, ignorando que me desligava do corpo pesado e doente.

11 Nesse mesmo instante, pude transpor a neblina e receber o abraço de uma senhora, a senhora que me fitava com bondade e otimismo. Explicou-me que era a minha avó Antonieta n a cooperar no meu afastamento do corpo que não apresentava utilidade alguma para mim. 12 Achava-me, porém, muito abatido e a cair de sono; e entreguei-me, de todo, à criatura abençoada que me vinha socorrer espontaneamente.

13 Estava de minha parte muito sofrido e acabrunhado para refletir sobre o fenômeno da morte e deixei-me conduzir ao entorpecimento que me posseava todos os sentidos. 14 Dormi descuidadosamente, sem a possibilidade de precisar, até agora, quanto tempo gastei nessa condição de alienado mental, totalmente entregue a sonhos e pesadelos.

15 Quando despertei, a mesma senhora se acomodara junto de mim, demonstrando dedicação invulgar. 16 Lutei bastante para recuperar a fala, porque os meus nervos jaziam silenciosos e petrificados, no meu entender. Depois de muitos exercícios é que reconquistei o dom de falar com segurança. n 17 Observando o corpo diferente, mas igual ao que usara no mundo físico, fiz várias perguntas à minha avó que passou a me transmitir as informações necessárias.

18 Não mais sentia dores e explicava ela que isso se devia à ausência do tumor que me incomodava tanto… Creia, porém, mãezinha Daisy, que chorei muito ao reconhecer que me encontrava noutro ângulo da vida, a Vida Espiritual, que ninguém na Terra conhece inteiramente, sem haver passado pela desencarnação.   19 As lembranças da casa me doíam por dentro e as lágrimas me caíam do coração, através dos olhos, mas a avó Antonieta me esclareceu que me observava, satisfeita, as melhoras positivas.

20 Aquilo era um estímulo a que prosseguisse no esforço da liberação do Plano Físico e aderi aos propósitos de minha avó que me queria vigoroso e alegre para iniciar vida nova.

21 Assim se passam meus dias de restauração na Vida Maior e espero que Jesus nos proteja.

22 Agradeço a todos quanto fizeram por mim e peço-lhe, mãezinha, para interpretar-me o reconhecimento junto de quantos me auxiliaram.

23 Hoje venho pedir-lhe conformação e fé em Deus e a certeza de que um dia nos encontraremos na Espiritualidade Maior. 24 Reconheço a minha pequenez, mas me esforçarei para vencer o tempo e ganhar as possibilidades de estar mais perto do seu carinho e do pai Luís, que está sempre em minhas lembranças.

25 Muito carinho à nossa Tatiana, e abraçando-a com o papai e com os nossos em minhas lembranças, sou, como sempre, o filho reconhecido,

Renato

Renato Rodrigues.    


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


8 — Psicografia de Francisco C. Xavier, em reunião Pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, a 15/2/1985.

9 — Tenho recebido os seus apelos. (…) Ouço-a a dizer e a redizer isso muitas vezes. — A morte física não impede que as criaturas que se amam permaneçam ligadas pela força do pensamento. O fluido universal que envolve a todos — encarnados e desencarnados — permite a sintonia mental (telepática) das almas afins.

10 — avó Antonieta — Bisavó materna.

11 — Lutei bastante para recuperar a fala, porque os meus nervos jaziam silenciosos e petrificados, no meu entender. Depois de muitos exercícios é que reconquistei o dom de falar com segurança. — Observa-se que o cérebro do corpo espiritual (ou perispírito) de Renatinho corpo que ele considera “diferente, mas igual ao que usara no mundo físico” — sofreu reflexos da doença que o acometeu em vida física. (Ver Nota 5 do Capítulo 6.)


Hércio Arantes


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