O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Brilhe vossa luz— Autores diversos — F. C. Xavier / Carlos A. Baccelli


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O preço da luz n

(Façamos luz espiritual)

1 De modo geral, todos nós, no mecanismo de recapitulações das experiências terrestres, somos reconduzidos a condições difíceis do aprendizado, valorizando a responsabilidade, o livre-arbítrio e a razão, que menosprezamos em outra época. 2 Entretanto, apesar da concessão divina do retorno à luta benéfica, precipitamo-nos em despenhadeiros diversos, à distância do caminho que o Pai nos traçou mobilizando divinos mensageiros de seu amor.


3 Considerando a constância da Proteção Divina somos obrigados a reconhecer que, antes do próprio Evangelho de Jesus, a Humanidade já recebia continuadas demonstrações de socorro do Alto, através de emissários numerosos da Providência, nos setores da Religião, da Filosofia e da Ciência, que induziam a criatura à necessária elevação espiritual e à iluminação do seu patrimônio de conhecimentos.


4 Todavia, não obstante o cuidado incessante do Senhor, não temos sabido manter o equilíbrio indispensável entre as margens do caminho reto. 5 Assoberbam-nos tentações de variados matizes, emergindo da viciação de nós mesmos e compelindo-nos a volta às situações inferiores do pretérito. 6 Persiste em nós, ainda mesmo em se tratando dos desencarnados que se localizam nas zonas fronteiriças da carne, o terrível dualismo da animalidade e da espiritualidade simultâneas. Grande é a batalha! Constitui a síntese de muitos séculos de escolha criminosa e de predileções prejudiciais.


7 Apesar disso, nossa razão é sempre vigoroso foco de observação e potencial analítico. 8 Criamos extensa nomenclatura para classificar os erros do próximo, sabemos discernir, com rigor, as regiões nevrálgicas dos vizinhos e tabelar as faltas alheias com ausência, quase absoluta, de senso evangélico, no exame das minudências circunstanciais. 9 Sobram-nos raciocínios contundentes e escasseia-nos sentimento divino para compreender a posição dos que caíram ao longo de penosa iniciação à vida superior, doentes da alma e aflitos do coração. 10 Esquecemo-nos de que os sucessos amargos, determinantes das quedas de outrem, são acontecimentos suscetíveis de ferir igualmente a nós outros, que nos supomos inatingíveis.


11 É por isso que toda a cautela se requer na preparação de caminhos por parte dos discípulos modernos. 12 O campo da experiência está exigindo maiores recursos de iluminação para o sentimento. 13 O trabalhador formado para o serviço é valor da vanguarda, conclamando à renovação geral. 14 Muita vez, faz-se preciso abandonar as situações mais reconfortantes e os laços mais estimáveis, a fim de atendermos ao chamamento divino. 15 Para quantos se consagraram às realizações do Mestre, o relógio da evolução oferece horas muito diferentes nos tempos que passam.   16 Urge aperfeiçoar-se o individualismo de cada servidor à luz sublime do Reino de Jesus, ainda mesmo ao preço de sacrifícios pungentes. 17 No cérebro e no coração não ressoam convites ao sentimentalismo doentio, mas ao sentimento edificante, nem apelos à indiferença ou à impassibilidade e sim exortações ao equilíbrio que o Cristo nos legou.


18 Não recebemos qualquer aquisição sem preço correspondente. Fatos comezinhos da existência material esclarecem-nos vivamente nesse sentido. Por que motivo aguardaríamos vantagens da compreensão sem o trabalho preciso? 19 Não se dependura a virtude no santuário da consciência, como objeto de adorno em tabiques exteriores. Faz-se preciso renovar a mente e purificar o coração. 20 Não adquiriremos patrimônios da imortalidade, guardando acervos de pensamentos do campo mortal.   21 Não nos renovaremos em Cristo, perseverando nas velhas armadilhas de fantasias da esfera transitória. 22 Para elevar a própria vida é imprescindível gastar muitas emoções, aparar inúmeras arestas da personalidade, reajustar conceitos e combater sistematicamente a ilusão.


23 Vigiemos, no templo de nós mesmos, de modo a não apagar e nem reduzir a luz do espírito, controlando as nossas intervenções individuais no campo infinito e eterno da vida. 24 Para alcançar semelhante edificação, com a desejável segurança, é impossível afastar-se o aprendiz do Evangelho aplicado ao raciocínio e ao sentimento. Em suas forças vivas, encontramos possibilidades de entendimento com o Cristo, vivendo-lhes os ensinos. Seus padrões de vida eterna desafiam-nos as obras efêmeras, despertando-nos a consciência para a visão de horizontes mais vastos.


25 Enquanto não serenarmos a corrente das paixões que nos caracterizam a individualidade, não alcançaremos o poder indispensável à realização desejada.   26 Seremos ouvintes estacionados no jardim ilusório da admiração apressada, crentes perdidos em nova idolatria de falsos valores, pelo olvido de nossos tesouros ocultos e pelo abandono de nossas ferramentas, da possibilidade pessoal. 27 Seremos pródigos em aconselhar o bem, esquecidos de aplicá-lo e simbolizaremos compêndios vivos de exortações aos ouvidos alheios, mantendo-nos, embora, em lamentável necrose espiritual.


28 Fujamos à terrível condição da maioria das inteligências modernas, caracterizadas por raciocínios de anjo aliado a sentimentos de monstro. 29 A desarmonia que se verifica, no quadro evolutivo das mentes encarnadas, repete-se em nosso Plano de ação. Nas esferas vizinhas da Crosta Planetária instituem-se incontáveis escolas de preparação destinadas à melhoria dos que se distanciam da experiência física à maneira de verme rastejante colado à concha do egoísmo e da vaidade. 30 É necessário reeducar, readaptar e restaurar personalidades que se demoram nas sombras do “eu”, desinteressadas do santuário que lhes pertence no imo do ser.

31 Muitos de vós, nos centros espíritas cristãos, realizais presentemente serviços que inúmeras almas somente conseguem levar a efeito, em seguida à libertação do corpo que as materializava na Terra. 32 Aprendem dificilmente a arte do desapego, pelas noções de posse egoística que cristalizaram em si próprias e daí a necessidade de volumosas lágrimas para a retificação dos erros da imprevidência. 33 Os discípulos sinceros de Jesus operam atualmente, como trabalho máximo, o despertamento próprio, a própria iluminação. Esse, de fato, o objetivo primordial da doutrina, a melhoria da criatura para o mundo melhor.


34 O setor científico do Espiritismo, em verdade, pode construir notáveis convicções e disseminar flores admiráveis de intelectualidade e filosofia superficial. Mas a simples demonstração científica não realiza as conversões e transubstanciações necessárias à renovação benéfica do homem e do mundo. 35 Não devemos limitar o movimento libertador das consciências que o Espiritismo instituiu no Planeta a mero serviço de informações verbalísticas entre dois Planos diferentes de vida. É imprescindível ponderar e raciocinar com a realidade cristã.   36 Podemos incentivar nossas relações com as Esferas mais altas, estender a visão psíquica, ampliar expressões fenomênicas, mas se relaxarmos o trabalho de manutenção da luz divina, permitindo que a chama da Divindade se apague, dentro de nós, todo o esforço resultará infrutífero.


37 Curemo-nos, portanto, da velha paralisia sentimental, exemplificando a humildade e a fraternidade de cuja conceituação e definição temos sido excelentes portadores. 38 Reduzamos a exportação de conselhos fáceis, para atender à obra difícil da nossa própria redenção com o Cristo de Deus.

39 Instalemos a ponderação no centro de nossos pensamentos e sigamos o Mestre Divino nas múltiplas circunstâncias que nos assinalam a luta.

40 Sustentando a lâmpada de nossa fé na superior destinação para a qual fomos lançados à torrente da vida eterna, teremos organizado a energia precisa para que a luz do espírito jamais se extinga dentro de nós.

41 O discípulo deve e pode refletir a vontade do Senhor, executando-lhe as lições, cada dia.

42 É para esse esforço que os espiritistas do Evangelho são atualmente chamados, no desdobramento do qual recebemos mais elevadas quotas de auxílio das Esferas Superiores. 43 A zona mais alta de suas tarefas apostólicas, na atualidade terrestre, acima do proselitismo apressado e da propaganda fácil, reside no trabalho abençoado de reavivamento da luz espiritual no mundo inteiro, conservando a luz do espírito acesa e brilhante em si próprios.


Emmanuel



(Psicografia de Francisco C. Xavier)


[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original publicada em 1952 pela LAKE e é a 49ª lição da 1ª Parte do livro “Cartas do Coração.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.


Texto extraído da 4ª edição desse livro.

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