1 Servindo de auxiliar
Para um mentor enfermeiro,
Entrei no lar confortável
Do irmão Genésio Pinheiro.
2 O instrutor que me levava
É um prestimoso atendente
Que declarava Pinheiro
Necessitado e doente.
3 Qual não foi o meu espanto,
Ao notar no visitado
Um quarentão alto e forte,
Notavelmente trajado.
4 O mentor recomendou-me
Silêncio, calma e atenção…
Sentado, o dono da casa
Escrevia ao próprio irmão.
5 Postados à retaguarda,
Sem querer, eu mesmo lia
Tudo aquilo que Pinheiro
Fraternalmente escrevia:
6 — “Prezado mano Jojota
— Dizia, na carta amiga —
Conforme os tempos de hoje,
É preciso que eu lhe diga…
7 “Para guardar a saúde,
Você, que é moço educado,
Conserve os nossos princípios
E tenha muito cuidado.
8 “Durma cedo. Evite farras.
Não busque dor-de-cabeça,
Nem procure a companhia
De moças que não conheça.
9 “Nada de álcool na boca,
Nem mesmo vinho ou licor,
Fuja do ar poluído
De qualquer rua a transpor
10 “Não fume, porque o cigarro
Parece trama ou feitiço,
A pessoa quer deixá-lo,
Depois não pensa mais nisso.
11 “Não coma carne de porco,
Nem beba água qualquer…
Lembre sempre os três perigos:
Fumo, bebida e mulher…”
12 Nesse tópico da carta,
Pôs-se a ler o texto feito,
Mas sentiu, desconcertado,
Uma forte dor no peito.
13 Fitando a carta na mesa,
Sob enorme desconforto,
Ergueu-se e saiu gritando…
Em seguida, estava morto.
Jair Presente
|