O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Bastão de arrimo — Mensagens familiares de William Machado de Figueiredo


27  n

Mensagem de Adélia, mãe de William

1 Querida Wanda, n Peço a Deus nos abençoe.

2 Sinto-me entre vocês à maneira de mãe entre os filhos queridos. Você, nossa Nair, n nossa Gilda, n nosso Geraldinho n me parecem agora fragmentos de minh’alma partida pela separação transitória… E em anexo à família, as afeições queridas de nossa Nona, n e de nossa Irene, n tanto quanto a estima de nossa Lia Diniz n que tantas vezes me recebeu carinhosamente em Pedro Leopoldo.

3 Creio que não estou habilitada a transferir para a mensagem, estruturada em papel a tinta de lápis, as emoções que experimento aqui neste recinto de orações. Agradeço ao Zeca n e à nossa querida mãe Georgina n que me encorajaram a escrever…

4 Querida Wanda, não me observe desencorajada ou abatida se lhe disser que toda a nossa vida está comigo. 5 A memória é irmã gêmea do coração, pois em verdade ambos nunca dormem. Ainda mesmo no repouso, as imagens que nos visitam, no jardim dos sonhos, representam a continuidade dos nossos processos de existência. 6 Filha querida, lute com valor, sustentando o facho de sua fé vigilante. Sei que problemas existem que não posso de momento rememorar, porquanto é meu dever recobri-los com o véu da confiança em Deus.   7 Ambas nós somos mães e as mães são arquivos de Deus, mais para a conservação das lembranças amargas do que para a consulta às poucas alegrias que o mundo nos oferece. 8 Saibamos dignificar este depósito sagrado e entregar a Deus todas as reminiscências suscetíveis de nos despertar as emoções para o lado negativo das experiências terrestres.

9 Quero sentir-me alegre e feliz ao abraçá-los a todos, revendo aqui o Wilson n e o Walter, n a Ivone, n a Lourdes, o Paulo e todos os nossos afetos. Querida Nair, n li as notícias que a Dadá n enviou ao nosso caro João, n mas a própria Dadá me disse haver esquecido de mencionar a nossa Pazinha n que continua agindo e servindo ao lado dos filhos, muito especialmente, junto à Otília e Georgina n que abraçaram tarefas dignas de louvor, conquanto difíceis e, por vezes, sacrificiais. 10 É isso, mana! A morte poderá liberar muita gente, com exceção das mães que continuam arraigadas no devotamento aos filhos que a desencarnação procura lhes arrebatar ao próprio seio. 11 Aí na Terra, chorava por William, agora na Vida Espiritual, luto pelos que ficaram, amores que me atraem para o trabalho na vida física com todas as forças que sou capaz de sentir. A maternidade nunca morre.

12 Despertar aqui, na intimidade de tantos dos nossos, foi uma festa inesquecível, entretanto, não suponham que isto se verificou de imediato. Quando me vi desligada do corpo pesado que já não mais me servia, comecei a escalar a minha subida de saudades, por nossa Wanda que os próprios amigos espirituais afastaram de mim, na hora extrema, para que o laço demasiadamente forte de carinho entre ela e eu não me retivesse na forma que não mais me traduzia a personalidade.  n   13 Nossa mãe Georgina n me convidava ao repouso e amigos diversos me associavam à necessidade de sedativos que me auxiliassem a descansar, despreocupadamente, no entanto, somente sosseguei a própria alma ao vê-la junto de meu pobre corpo, misturando as lágrimas com a nossa Ivone, n fazendo coro com o próprio pranto que me corria dos olhos.

14 Querida Wanda, agradeço a você aquele cuidado em me colorir o rosto desfigurado, fazendo-me lembrar os Egípcios que não concordavam com a palidez e com a transformação de seus mortos queridos. 15 Chorei sorrindo ao mesmo tempo, em anotar o seu carinho para que a mamãe seguisse viagem tão bem maquilada, como seria de meu gosto, se fosse obrigada a comparecer numa solenidade terrestre, sem qualquer impulso de vaidade. 16 Muito grata a você, querida filha, que me impeliu a dividir a dor com a alegria numa hora, qual aquela, em que me mantinha vigilante no velório de minhas próprias lembranças.  n Diga por mim às nossas Áurea, Lavínia n e às outras amigas que, efetivamente, me via cercada por amigos e familiares a me estenderem as mãos nos votos de boas vindas. 17 O nosso William e mamãe, juntamente do Zeca, n me abraçaram; alentando-me a resistência, porque eu teimava em não dormir, enquanto desfilavam afetos que sabia vivos depois da morte, mas que não imaginava estivessem interessados em me acompanhar no regresso, que a gente aí no mundo espera e, não espera, quer e não quer, tantos são os elos da corrente de amor que nos prendem uns aos outros. 18 Oraram em nossa companhia e ao toque da prece comovedora do nosso amigo Professor Cícero, n não pude mais reter a disposição ao repouso que me assediava. Dormi nos braços de mamãe para acordar, mais tarde, no lar de paz e carinho em que ela própria passou a me guardar…

19 Tanto teria a dizer-lhes, mas ainda não pude apurar por mim própria se a desencarnação é o término ou o recomeço da dor e da vida, porque todas as provas dos filhos queridos me repercutem na sensibilidade com a força das vibrações de um sino tangido por mãos hábeis.

20 Filha, não permita que a nossa Ivone n chore tanto, seguindo os meus passos, na acústica da saudade, quando se põe a contemplar as nossas lembranças. Ivone querida! Querida filha! Creia na imortalidade da alma! Como poderá supor você que a mamãe poderia morrer? As suas lágrimas me banham o rosto e a sua aflição me renova aflições que preciso relegar à retaguarda!

21 Querida Wanda, você me compreende. Você conseguiu assimilar as realidades do espírito e, por isso, a nossa resistência se emparelha uma com a outra. Você sabe sorrir quando a alma está sangrando e pode ocultar feridas do sentimento, vestindo-as com a seda de nossa fé viva em Deus, mas Ivone ainda não se abriu aos mananciais da revelação espiritual que nos renova, e sofre com indescritível angústia. Peço a Jesus a fortifique e estarei ali por perto, onde a nossa Lourdes e ela se movimentam, na tentativa de reconfortá-las.

22 Estou bem. Convalescendo depois de muitas refregas, nas quais Jesus sempre foi o meu escudo contra as flechas das tribulações que, por vezes, assumiam a feição de granizos em plena tempestade sobre mim. Peço a você e a Nair n dizerem às nossas afeições que estou na condição de um viajante cercado de bondade, ante o devotamento de tantos amigos, mas ainda não sei se estou na posição de uma planta removida para outro solo ou se sou um turista, sonhando com renovações com as quais não contava.

23 Continuar dialogando com vocês é meu desejo, mas o nosso Zeca n me lembra o relógio caminhando sempre, diante de nossos amigos que precisam descansar, depois do dia laborioso. Se pudesse faria uma longa lista à maneira de uma faixa ampla de gratidão, nela inscrevendo as minhas lembranças a cada coração querido de nosso vasto jardim de amizades, mas não posso pela estreiteza do tempo. 24 Desejo dizer à nossa amiga Irene n que já visitei o nosso Maureen n que está fortalecido e recuperado e preciso comunicar à nossa Gilda n que a Carmem n está sustentando-a na travessia das provas. De momentos difíceis na Terra, não sei como estabelecer diretrizes para os entes mais caros e por isso rogo a Jesus conceda à nossa Gilda a fortaleza com que sempre soube facear as situações mais complexas.

25 Querida Wanda e querida Nair, este é um momento de esperança e amargura, no qual somos obrigadas a interromper as nossas impressões faladas na escrita. Não imaginava que se me faria possível escrever pela mão do nosso Chico, a quem agradeço.

26 Queridos meus, incluindo todos os que se encontram à distância, “até breve”, com o meu desejo de que este “até breve” não venha a lhes impressionar negativamente a sensibilidade, porque faço votos a Deus para que vocês todos, os corações amados meus, desfrutem de uma vida tão longa e tão feliz como se pode encontrar no mundo terrestre.

27 Nair, reparta com o João e com o Sílvio, com a Carmem Sílvia n e todos os nossos o meu abraço; e você querida Wanda, receba o carinho imenso com as imensas saudades da mamãe,


Adélia

Adélia Machado de Figueiredo



[70] Mensagem psicografada em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de sexta-feira, dia 29.06.1984, na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais.


[71] Referência do Espírito Comunicante a uma mensagem psicografada por Chico Xavier na noite da reunião pública no Grupo Espírita da Prece do dia 16.03.1984, de autoria de Altamira de Abreu Machado, Dadá, cunhada de Dª Adélia, desencarnada em Belo Horizonte aos 20.03.1981, em virtude de um enfarto do miocárdio.


[72] Wanda Noronha, acompanhada deste organizador, viajou para Uberaba na véspera do desencarne de sua mãe, a nossa querida Da. Adélia Machado de Figueiredo, ou seja, no dia 15.07.1982; naquela cidade é que recebemos a notícia do decesso.


[73] Wanda, filha de Dª Adélia, maquilou-a na hora derradeira, como era da vontade de sua mãe.


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