1 Mamãe, eu estou ainda muito fraco, mas, graças a Deus, sinto-me bem melhor. Estou ainda a pensar muito na senhora, como é natural, mas aqueles que me guiam me recomendam ter coragem e paciência.
2 A senhora não chore mais, ouviu, mamãe? Lembre-se que o seu William precisava descansar daquela luta tão grande. n
3 Por alguns dias fiquei muito aflito, mas Deus teve muita pena de mim permitindo que eu fosse auxiliado. 4 Ainda sinto certas coisas, mas me dizem que quando eu me desligar das coisas do mundo, vou melhorar e a ajudarei muito. 5 Mas só ficarei mais forte, quando a senhora ficar completamente tranquila. Não fique impressionada, não. Deus, que tem me ajudado tanto, há de ajudar à senhora e ao papai também. n
6 Hoje lamento não ter aproveitado seus conselhos e seus ensinamentos, como deveria, mas espero que ainda hei de ser útil ao seu coração carinhoso de mãe.
7 Não escrevo mais, mamãe, porque não posso. Lembranças aos meninos.
8 Peço à senhora e ao papai que me abençoem, e guardem em seus corações muita saudade e amor filial de seu
William
[1] Esta mensagem foi recebida em casa do Sr. José Sérgio Machado, avô do rapaz William e pai de Da. Adélia Machado de Figueiredo, em Pedro Leopoldo. Isso se deu no dia 02/11/1941, com apenas um mês e oito dias passados do desencarne do nosso William. Relata-nos Da. Adélia: — “Com o choque da perda de meu filho fui para a casa de papai e, apesar de toda minha fé, estava completamente abatida, como se o mundo tivesse acabado. Como Deus é a Suprema Bondade e não esquece de seus filhos, entra papai em meu quarto e pergunta-me se adivinharia quem estava me visitando. Sem muito interesse, respondi-lhe: Quem? E ele fez entrar Chico Xavier. Pediu-me papel e lápis. Depois de trocarmos algumas palavras concentramo-nos em preces, e Chico começou a psicografar. Tinha a certeza de que se tratava de William. Neste dia o Chico declarou-me que a mamãe Georgina (desencarnada aos 27/07/1936) e a tia Margarida (desencarnada no início do século) trouxeram William, amparando-o cada uma de um lado, ainda enfraquecido pelo desprendimento doloroso, para que a minha alma amargurada recebesse um pouco de conforto.
[2] Como é do conhecimento espírita, o choro desesperado, dos que ficam no mundo, pela perda de um ente querido, perturba e deixa aflito o Espírito recém-liberto da experiência carnal. Chorar, sim, mas chorar com resignação e confiança em Deus — esta a fórmula para que a tranquilidade se estabeleça nos lares enlutados.
[3] É natural que logo após o desencarne, especialmente se este se deu muito dolorosamente, que o Espírito ainda sinta por algum tempo os reflexos da doença por que passou, situação que logo é contornada à medida que o espírito se tranquiliza e procura se desligar das preocupações terrestres.